Não vamos casar !

Detesto casamentos. Detesto particularmente casamentos de Verão. Detesto as filas de carros a buzinar com merdinhas brancas penduradas nas antenas. Detesto a hipocrisia do casamento, do dia, do contrato e da instituição. Se também detestas algumas destas coisas junta-te ao club

quarta-feira, março 30, 2005

O casamento

Já todos se devem ter apercebido que o casamento é uma coisa não muito querida às minhas afeições. Na base desta antipatia odiosa estão muitas razões, que de vez em vez trago a lume, desta quero salientar que conheço poucos casamentos dignos desse nome, que frequentemente eles acabam em divórcios, ou permanecem podres. O que mais me entristece é aquele que teima em resplandescer na sua podridão, fundamentalmente porque na realidade pouco existe. Mas este, para meu constante desapontamento, nunca mais é divórcio... e duvido que alguma vez seja

O mar à distância, de novo e sempre

Na bruma do desconsolo
sento-me à beira das tuas águas
da tua imensidão, no escuro,
procuro-te no infinito,
sei que estás lá.
Desconfio da segurança...
Um só pensamento,
um momento,
uma coincidência,
o acumular do despeito,
cruzou-se, impávido,
com o acumular da saudade.
Há muitas coincidências,
principalmente no infortúnio.
Todos o fazem, menos tu!
Porquê?!

segunda-feira, março 28, 2005

Mais uma vez, e ainda o silêncio

sexta-feira, março 25, 2005

Era uma vez um dia

Era uma vez um dia. Nasceu pardo, após as primeiras chuvas, foi-se insinuando pela claridade, sempre toldada pelas abençoadas nuvens chovedoiras, que a espaços lá íam largando aguaceiros de gotas grossas, redondas, predominantes. Desenrolou-se no seu ritmo, nas suas horas, nos seus momentos. Pela tardinha começou a decair do cinzento para o breu, anunciando a sua morte derradeira e inevitável, sucedida pela alvorada da noite.

Ausência

Silêncio.
A sensação que posso sentir,
O silêncio.
Sinto-o na espinha,
não é um silêncio absoluto,
pelo contrário,
é ensurdecedor,
mas vazio.

terça-feira, março 22, 2005

Toda a liberdade do mundo, e nenhuma!

O prezado bem de ser livre é diariamente limitado pela própria liberdade, pelo seu conceito, mas fundamentalmente pela sua aplicação prática à vida corrente. Desde os que nos rodeiam, à saúde, e para quê contrariá-lo?, ao dinheiro e todas as restantes condicionantes que nos obrigam a tantas coisas, tantas vezes.

O mundo extraordinário da língua portuguesa

O primeiro livro favorito do senhor que ganhou o campeonato nacional de Língua Portuguesa foi o "Meu Livro da 1ª classe", do tempo da outra senhora, que o senhor fez a escola primária no tempo da outra senhora. O livro favorito de sempre é "O Livro do Desassossego", de Bernardo Soares, o heterónimo de Frenando Pessoa que escreve em prosa, aliás, na realidade são excertos pequenos e grandes de uma vida comum. Caso alguém ainda não tenha reparado, recorro frequentemente a ele, como forma de expressão, acima de tudo como desabafo, porque ele é uma parte sentida e falhada da minha expressão. Por tal, vou aproveitar para vos contar a sua história, e como desde que o comecei a ler, nunca mais parei. Nunca o li todo, vou deixar até poder, capítulos para ler, e das suas linhas linhas retirar analogias fantásticas sempre que necessito delas. Comprei o primeiro "Livro do Desassossego ", no início da Primavera de 1998 ou 1999, para oferecer ao Krithinas nos anos. Ofereci-o com uma linda dedicatória, e comecei a lê-lo assim. Abria uma página ao calhas e lia aqueles minúsculos capítulos em que ecoa apenas uma frase impressa no papel, e consegue com três, quatro ou cinco palavras armar um espantoso desconcerto que nos faz ponderar profundamente o nosso eu. Este livro custo na moeda antiga 5.300$, cerca de 26,5€. Volvido o fim do mundo em 2000, a Revista Visão lançou uma colecção de livros de preço baixo. Ainda o comprei em escudos, 900, 4,5€. Está todo escrito com tintas de diversas cores, com datas, com notas, e muitas horas de companhia.
Vou deixar aqui mais um testemunho da sua sapiência:
"158.
A quem, embora em sonho, como Dis raptou Proserpina, que pode ser senão sonho o amor de qualquer mulher do mundo?
Amei, como Shelley, a Antiga antes que o tempo fosse: todo amor temporal não teve para mim outro gosto senão o de lembrar o que perdi."

segunda-feira, março 21, 2005

Figueira, Figueira da Foz...

Fui passar este fim-de-semana à Figueira da Foz. Ela lá está, no mesmo sítio, vagamente em constante alteração, para não falar da praia e do seu contínuo devir. Choveu, para não destoar de nenhuma das minhas costumeiras expedições invernais a esta maravilhosa cidade. Adoro-a e ao mar rebelde que a banha singularmente.

sexta-feira, março 18, 2005

O conforto fácil da solidão

Cada dia que passa me acomodo à solidão, aprecio-a, desejo-a, alimento-a. Não tenho vontade de sair, com ninguém, para o que quer que seja, onde quer que seja. Estou totalmente caseira, absolutamente enlevada pelo meu quarto, o meu computador, os meus livros, a minha televisão, o rádio, a música, mas derradeiramente pela solidão. E no entanto sinto-me só e sozinha.
Tornei-me numa pessoa que não sai de casa, não vai tomar café, ou ao cinema. Sinto que perdi a minha relevância e o meu contexto social. Todos me dizem para ter calma, que as coisas vão melhorar e no fim tudo vai correr bem. Não consigo ver como...

quinta-feira, março 17, 2005

Sonho

Ligas-me, casualmente, pedes-me para ir jantar contigo. Ao italiano. Vou. Quando chego ainda não chegaste, mas está uma mesa reservada para nós. Sento-me, por entre as obséquias do empregado peço um martini, com gelo e uma casquinha de limão, para o afastar. Rezo, apreensiva para que não venhas a voar e não tenhas tido nenhum acidente. Acendo um cigarro, em simultâneo com a chegada do meu martini, fumo uma baforada nervosamente e sorvo um golinho da bebida, para me acalmar. Entras, maravilhoso, trazes algo escondido atrás das costas, com um magnifíco sorriso desvendas um singelo ramo de tulipas brancas... Não tenho palavras, ao apagar automaticamente o cigarro, acordo com uma campainha qualquer...

quarta-feira, março 16, 2005

O anúncio da Primavera está aí

Sei que possivelmente quando ela chegar oficialmente vai finalmente começar a chover, mas estes dias merecem ser louvados. A brisa corre serena e amena. As minhas plantas existem languidamente ao sol, e consigo claramente distinguir no seu semblante um sorriso de contentamento. A minha violeta morreu. Vou ter saudades dela, mas quando voltar de Itália vou comprar uma nova. As outras estão lindas, a princesa já tem os seus raminhos de flores prestes a florescer. E isto é já por si uma alegria da vida.

segunda-feira, março 14, 2005

A questão dos medicamentos

O discurso de tomada de posse de novo Primeiro-Ministro, levantou uma extraordinária celeuma entre as farmácias e o resto do mundo. Hoje no Fórum Mulher da TSF ouvi bastantes coisas absurdas, das quais destaco esta: "um farmacêutico é como um padre, e às vezes uma pessoa vai à farmácia e aproveita para se confessar", confesso que ri a bom rir, às gargalhadas, mas agora voltando a argumentos menos ridículos, eis a minha modesta opinião:
1º - Os medicamentos de venda livre são muito mais caros, porque são vendidos exclusivamente pelas farmácias;
2º - Se alguém for a uma farmácia comprar esses ditos medicamentos, dificilmente, algum farmacêutico vai fazer levantar alguma questão a essa pessoa, ou perguntar-lhe que outro tipo de medicamentos usa.
3º - Se alguém se quiser suicidar utilizando produtos à venda em supermercados, certamente optará por um litro de lixívia, ou qualquer outro tipo de detergente, ao invés de tentar uma overdose de aspirinas.
4º - As pessoas que não podem tomar certo tipo demedicamentos, não os vão comprar no hipermercado, nem tomá-los simplesmente porque eles são vendidos, mas assumindo que exista uma absurda tentação de os tomar, eles podem comprá-los em qualquer farmácia, sem qualquer pergunta, ou se forem conhecidos, numa determinada farmácia, podem sempre ir a outra qualquer.
5º - A única corporação que critica esta medida é o lobbie farmacêutico, sendo que os médicos, a aplaudiram prontamente.
6º- Estão a distorcer a discussão sobre este assunto, aqui a questão não é de as pessoas comprarem mais, só porque está nas prateleiras dos supermercados, porque se alguém quiser comprar muito, compra numa farmácia ou em várias, também não está na quetão da conservação e da embalagem, estes estabelecimentos têm que cumprir regras na comercialização de diversos artigos, e terão certamente também regras para os medicamentos, todas as pessoas compram leite, iogurtes, congelados, carne, peixe e outros produtos que requerem conservação específica nestes locais, a questão está no preço e na concorrência.
7º - Esta medida permite que o preço destes medicamentos baixe, pois passarão a estar sujeitos às normais leis da concorrência, por exemplo, eu tenho de usar escovas dos dentes e pasta dentífrica medicinal, e aposto que se eles forem vendidos no hipermercado, o seu preço vai baixar bastante, e nunca até hoje percebi, porque não os posso comprar lá, a pasta que eu uso não faz mal a ninguém, quando muito pode ser desnecessária.
8º - Ninguém vai gastar dinheiro a comprar um bem que não necessita, simplesmente porque ele está à venda, ninguém vai comprar uma garrafa de vodca, se não intencionar bebê-la, ou quanto muito, poderá comprá-la, para a ter em casa para uma eventualidade, como uma visita de amigos, ou uma festa. E uma garrafa de vodca é bem mais nefasta do que uma aspirina, um antigripine ou umas pastilhas para a garganta.
9º - As pessoas que se automedicam, não precisam que os medicamentos estejam à venda num supermercado, novamente, vão à farmácia e compram os medicamentos, mais caros, claro, e raro será o farmacêutico que levanta qualquer questão, pois os ditos medicamentos são de VENDA LIVRE, não necessitam de receita médica.
10 - Esta medida não pode, todavia, ser efectuada levianamente, tem de ser, cuidadosamente, elaborada uma lista dos medicamentos passíveis de ser vendidos nas superfícies comerciais, atendendo às suas características químicas e medicinais, mas confio que isso é uma tarefa perfeitamente razoável.

A melhor jornada do campeonato

Não só o meu Benfica ganhou ontem, como o Sporting hoje fez o favorzinho de contribuir com a sua derrota em casa com o Penafiel. Agora, águias, há que ter muita calma, muita cabecinha e nunca perder. BENFICA!!! E desta!

domingo, março 13, 2005

Poema da verdade, do passado e do futuro (07/12/2002)

"A verdade era verde
do Sporting,
era um defeito que ela tinha, e hoje,
quando todos lhe atiravam
a derrota em cara,
ela replicava:
"malditos benfiquistas".
Agora está em casa
pálida, meio esbranquiçada,
quase sem cor,
apática, anómica,
triste da sua vida.
Agora,
a verdade é branca.
Ontem,
estava vermelha
de raiva.
Tinha faltado a água
Uns canos rebentaram
e fecharam a água,
em toda a freguesia.
Por todo o lado,era um burburinho de indignação,
maldiziam a Câmara,
o Governo, a vida,
e seguiam a correr,
para qualquer lado,
para fazer qualquer coisa,
talvez trabalhar,
talvez falar ao telefone,
em trabalho, em namoro,
nas aulas, nas compras,
no cinema, nos automóveis,
nos transportes públicos,
por todas as estradas,
dez segundos na hora de ponta.
A verdade caracteriza-se
por mudar de cor constantemente,
em constância,
muitas vezes
e por todas as cores.
De acordo com o barómetro,
que todos temos à flor da pele
(e que deriva de uma perigosa relação
com o sistema nervoso central),
vêem à luz os dilemas.
Todos.
Será que podemos fazer uma hierarquia de dilemas?
Uma bibliografia?
Monografia?
Compilação?
Ou simplesmente catalogá-los
por ordem alfabética?
Possivelmente,
porque a verdade
muda de cor
e está sempre em movimento,
mas existe.
A sua agenda tem
muitas mais horas
que o nosso dia,
mas mesmo assim,
é difícil lidar e resolver,
todos os dilemas ao mesmo tempo.
Nem com horas extraordinárias!
Ainda por cima mal pagas,
Ou por pagar.
É difícil conciliar as coisas.
Muito difícil.
Ah! É verdade!
A verdade fuma
apesar de saber que
fumar prejudica gravemente a saúde,
fumar pode provocar cancro,
fumar faz mal aos fumadores passivos
fumar deixa os dedos,
os dentes e os livros amarelos,
fumar deixa maus cheiros.
Enfim, sempre que a verdade fuma,
fica negra.
Mas o que mais a preocupa,
é o universo inteiro,
a vida inteira,
os pequenos círculos,
as grandes manifestações,
a família,
o Estado,
as empresas,
as igrejas e confissões,
a política,
as políticas da saúde,
as políticas de esducação,
as políticas do ambiente,
as políticas de segurança,
as políticas financeiras,
os impostos (os clássicos!),
A conjuntura mundial,
a União Europeia,
a globalização,
a anti-globalização,
as guerras no Iraque,
no Médio Oriente,
no Afeganistão,
a energia,
o petróleo,
as novas energias
as novas tecnologias
o novo mundo,
as políticas agrícolas,
as pescas,
o mar...
o mar...
Areia, sal, vento.
O mar do Algarve,
o mar das Caraíbas,
o mar Mediterrâneo,
o Oceano Atlântico:
o mar da Figueira da Foz,
da barra de Aveiro,
de Peniche,
e das fronteiras Berlengas,
de Santa cruz, Ericeira,
passando por Sintra,
até Cascais.
A Costa da Caparica,
a Arrábida,
a costa de Melides até Sines,
Vila Nova de Mil Fontes,
e a Zambujeira do Mar,
o mar de Sagres,
o princípio do jogo.
Sim, porque a história de Portugal,
assemelha-se a um jogo civilizacional,
onde nós descobrimos no mapa,
e depois vieram os outros,
e apoderaram-se de tudo,
sendo que, agora,
garantimos a nossa sobrevivênvia,
sob o domínio
de uma entidade superior,
que aliou em bloco,
civilizações ex-inimigas,
e formou a Europa.
Tipo jogo do Risco,
dentro do livro "1984".
A verdade existe em todo o lado,
faz-se e desfaz-se,
em partículas,
por toda a parte.
No fundo, no fundo,
é incolor,
por isso assume todas as outras.
Sempre.

sábado, março 12, 2005

"O que é Nacional é bom" (cantado)

O Futebol Club do Porto hoje deu uma grande alegria a todos os Benfiquistas, mérito do Nacional da Madeira que o goleou nas Antas, perdão, no Estádio do dragão. No quarto até já tive pena. É a vidinha! Vamos lá ver como se porta o meu Benfica, sim, porque sempre que o Porto perdeu, o Benfica acabou por perder também, pode ser que desta vez seja diferente.

sexta-feira, março 11, 2005

Os choques

Passo a minha vida a apanhar choques. E agora, não estou a falar metaforicamente, mas sim de choques a sério, choques de electricidade estática, choques frequentes e violentos que por vezes até fazem faísca. No carro, nas pessoas, em tudo o que é metal, e pior, não consigo encontrar nenhuma explicação lógica para tal. Serei normal? Terei super-poderes? Serei mutante?

quinta-feira, março 10, 2005

O vermelho e o encarnado

Encarnado foi uma palavra criada durante o regime do Estado Novo para denominar a cor vermelha. O Inglês só tem red e o francês só tem rouge, claro que como nós têm outros nomes para gradações desta cor, tal como nós. Até esse período todos os escritores se referíam a ela como vermelha, porém, com o senhor Salazar o Benfica passou a ser encarnado e todas as outras coisas vermelhas também. Só com o 25 de Abril os nossos cravos voltaram a ser vermelhos, mas não totalmente. Volvidos 30 anos sobre a nossa pseudo-revolução, ainda há muito boa gente, por esse país fora, que faz gala em continuar a considerar tudo o que é vermelho de encarnado, pois o trauma do comunismo proscrito e vermelho ficou muito bem inculcado em muitas mentes e contínua a ser transmitido, qual chaga cultural e semântica.
Se estiverem atentos irão facilmente observar este pequeno, mas não de somenos importência, detalhe linguístico. Hoje mesmo, fui à bomba de gasolina comprar tabaco, quando cheguei disse para o senhor: "Boa noite, por favor, queria um maço de Português suave vermelho", ao que ele respondeu jocoso: "vermelho não há, só encarnado, pode ser!?". Fiquei siderada, perplexa e tive de lhe responder à letra, quando recebi o maço, olhei-o com artes de o analisar e com um ar surpreendido disse-lhe: "Olhe que a mim parece-me vermelho!". O senhor pareceu desconcertado, mas parece-me que ele não compreende que a palavra encarnado, traz para quem a profere um estigma muito mais negativo e perigoso, do que a vermelha. Sejamos honestos, o comunismo já não existe por aí além, e já não é muito vermelho, ao passo que as feridas do antigo regime ainda estão muito abertas, e honestamente vos digo que sempre que alguém diz encarnado, involuntária e inconscientemente a 1ª coisa que penso é: fascista, aposto que também achas que no tempo do Salazar é que era bom. Eu sei que pode ser injusto para algumas pessoas que o digam inadvertidamente, por educação, mas no fundo no fundo, todos eles são, quase na certa, profundamente conservadores e ideologicamente, estão à direita do espectro político. Para todas elas deixo aqui dois exemplos de coisas que seriam muito estúpidas se o encarnado substituísse o vermelho (para não bater mais no ceguinho):
O capuchinho vermelho (o capuchinho encarnado???!!!)
O Vermelho e o Negro (o grande clássico de Stendhal - O encarnado e o Negro???!!!).

Dias nem sempre são felizes

Correndo cada dia para alcançar algo qe nunca irei ter, corro desesperdamente...
anciando a meta da felicidade que, hoje, acredito nao ter forças para a alcançar.

acredito que cada um poderá ser feliz, mas nunca antigir a felicidade. A Ganacia social obriga-nos a ser individos unicos e solitarios, sem rmorçs de quem está à nossa mercê. Tento encontrar a fé de outras eras, em outros tempos. Mas essas já foram rasgadas pela conspiração economica, que cada um desenvolve dentro de si próprio, como se fossemos apenas a encobadora de um monstro que, infelizmente, ninguem disse que um dia iriamos ser.

Não quero ser vitima de uma sociedade que esquece as minhas idiologias... então limito-me à escuridão desconhecida por muitos, e mostro-me apenas um pouco, onde o meu brilho seja visivel. E compreendido.

P.S.: Parabens (desculpa o atrazo, mas têm sido semanas complicadas)

terça-feira, março 08, 2005

Sou...

Sou uma escarpa da Sardenha
onde primeiramente nasci.
Sou uma ondulação de cabelo
castanho, brilhante mas fino.
Sou um dedo anelar vazio,
numas mãos minúsculas mas singelas.
Sou uma brisa marítima que arrefece
o calor extremo do meu Verão.
Sou uns pés contentes numas chinelas,
confortáveis nas sapatilhas,
e contrariados nos saltos.
Sou uns óculos rosa
nuns olhos míopes e cansados.
Sou a velocidade da luz
no frenesim de um anagrama.
Sou umas japonesas brancas,
construídas na penumbra de um cerejal.
Sou um gesto de amizade,
pleno de amor simples.
Sou a sinceridade,
mesmo quando é necessério mentir.
Sou o Tejo em todas as madrugadas
que docemente acordam esta Lisboa.

segunda-feira, março 07, 2005

Quem sou eu?

Quem sou? Donde venho? O que faço aqui? Para onde vou? Qual o meu papel? (desculpem, mas não resisto: qual papel? o papel? qual papel?) Qual o significado da minha existência? O mundo à minha volta é real ou existe apenas na minha cabeça? O que sou para mim? O que sou para os outros? Para os conhecidos? E para os conhecidos? O que os outros são para mim? Como sinto as relações que tenho com a vida e com os outros?

Gostava que todos os que lerem este post ponderem um pouco nele na sua pessoa e deixem a sua contribuição. obrigada

A profunda tristeza de amar

É inominável a forma como algumas pessoas se aproveitam das outras, principalmente quando as "outras" se encontram indefesas pela irracionalidade de um amor sem tamanho e sem limites. Queria odiar-te e fazer-te mal, vingar-me de todas as humilhações, mas principalmente de todas as desilusões, mas o que eu desejava mesmo era não gostar de ti, não te atender o telefone, não ir ter contigo e mandar-te mais vezes à merda, porque aparentemente as que eu mando não são suficientemente pedagógicas, e quando são, depressa as esqueces. Muitas vezes desejo nunca te ter conhecido, nunca ter falado contigo para além do casual. Não só nunca me amaste como prometeste, como deixaste em mim uma marca negra que talvez eu nunca consiga esquecer ou mesmo superar.

domingo, março 06, 2005

A magia do fim da noite

Adoro aquela hora em que começa a madrugada, ainda é noite, mas o amanhecer está eminente e a sua chegada é irreversível. Se estiver à janela da minha marquise da sala certamente verei um casal de velhotes saírem todos lampeiros para apanharem o autocarro da excursão à feira das cebolas. Também aprecio estar no Lux, pela maravilha de ver nascer o dia por cima do rio, do Tejo. Gostava de algum dia voltar a partilhar essa hora nos braços de alguém...

sexta-feira, março 04, 2005

Está tudo doido!!!

1 - O Luís Filipe Menezes quer acabar com o Tribunal Constitucional. Como é que é possível!
2 - Aquele padre estúpido acha que pode incitar os acólitos da doutrina católica a cometerem crimes, sim, porque com 28 mil portugueses têm sida, logo, qualquer relação sexual sem o uso do preservativo é um possível acto de infecção de um inocente mais crédulo e incauto. A Igreja católica devia começar seriamente a repensar os seus dogmas e excumungar os padres que dizem este tipo de barbaridades, e também os que molestam meninos. Será que a Igreja está mesmo apostada em auto-destruir-se?

quinta-feira, março 03, 2005

A magnífica transformação dos limiares de esperança

Todos os dias contabilizamos vitórias e derrotas interiores. A vida passa célere pelo mundo e muito mais por nós, a cada momento, a cada palavra, a cada ideia e em todos os sorrisos avançamos, crescemos e inevitavelmente mudamos. Só me arrependo verdadeiramente das coisas que nunca fiz, por isso cada vez mais faço tudo sempre que posso. Em Abril vou a Itália.

quarta-feira, março 02, 2005

A neve não veio para o Natal, mas talvez ainda venha para a Páscoa

Está um tempo totalmente fora do normal... Mas ainda não nevou em Lisboa, apesar de este ano já ter nevado em sítios bizarros, como Nice, em pleno Mediterrâneo. Gostava que nevasse, só pela piada. Na verdade o que eu gostava mesmo era que este frio se fosse e viesse o Verão. Infelizmente, e para bem de todos, ainda vai ter de chover muito...

terça-feira, março 01, 2005

O meu escritor vivo favorito está a morrer! Aqui fica um tributo, espero que ainda em vida. Obrigada pela forma como compuseste as tuas palavras.

Mandaram hoje este mail. Gabriel Garcia Marquez foi o homem, poeta e escritor que escreveu três dos meus romances favoritos, e muitos outros. Espero que fique bom, ou que o seu sofrimento não seja muito atroz. Seja como for, os seus "Cem anos de Solidão" ficarão a relembrá-lo como o legado vivo de um dos maiores poetas da palavra em prosa.

"Gabriel Garcia Marquez retirou-se da vida pública por razões de saúde: Cancro linfático.
Agora, parece que é cada vez mais grave.
Enviou uma carta de despedida aos seus amigos que, graças à Internet, está a ser difundida.
A sua leitura é recomendada porque é verdadeiramente comovedor este texto escrito por um dos Latino-americanos mais brilhantes dos últimos tempos.

«Se por um instante Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapo e me oferecesse mais um pouco de vida, não diria tudo o que penso, mas pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, entendo que por cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os outros param, acordaria quando os outros dormem. Ouviria quando os outros falam, e como desfrutaria de um bom gelado de chocolate! Se Deus me oferecesse um pouco de vida, vestir-me-ia de forma simples, deixando a descoberto, não apenas o meu corpo, mas também a minha alma.Meu Deus, se eu tivesse um coração, escreveria o meu ódio sobre o gelo e esperava que nascesse o sol. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre as estrelas de um poema de Benedetti, e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à lua. Regaria as rosas com as minhas lágrimas para sentir a dor dos seus espinhos e o beijo encarnado das suas pétalas... Meu Deus, se eu tivesse um pouco de vida... Não deixaria passar um só dia sem dizer às pessoas de quem gosto que gosto delas. Convenceria cada mulher ou homem que é o meu favorito e viveria apaixonado pelo amor. Aos homens provar-lhes-ia como estão equivocados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saberem que envelhecem quando deixam de se apaixonar! A uma criança, dar-lhe-ia asas, mas teria que aprender a voar sozinha. Aos velhos, ensinar-lhes-ia que a morte não chega com a velhice, mas sim com o esquecimento. Tantas coisas aprendi com vocês, os homens... Aprendi que todo o mundo quer viver em cima da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a encosta. Aprendi que quando um recém-nascido aperta com a sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo do seu pai, o tem agarrado para sempre. Aprendi que um homem só tem direito a olhar outro de cima para baixo quando vai ajudá-lo a levantar-se. São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas não me hão-de servir realmente de muito, porque quando me guardarem dentro dessa maleta, infelizmente estarei a morrer...

GABRIEL GARCIA MARQUEZ»