Não vamos casar !

Detesto casamentos. Detesto particularmente casamentos de Verão. Detesto as filas de carros a buzinar com merdinhas brancas penduradas nas antenas. Detesto a hipocrisia do casamento, do dia, do contrato e da instituição. Se também detestas algumas destas coisas junta-te ao club

segunda-feira, abril 27, 2009

"Apoteose do absurdo

Absurdemos a vida, de leste a oeste"
Bernardo Soares (heterónimo de Fernando Pessoa), "Livro do desassossego"

sábado, abril 11, 2009

A cada dia

Dinâmicas intransponíveis
de injustiças propagadas abertamente
desenvolvem-se dia a dia.
Arrasto-me por entre elas
como quem se desvia da chuva
apenas para me achar encharcada.
A solidão acompanha-me sempre
como uma segunda pele
pelo meu mundo de ilusões.
Só ela persiste neste caminho
de fogos-fátuos emocionais
perversos encantamentos passageiros.
A impreparação do meu corpo
enfurece ainda mais a minha personalidade
a inquietude torna-se uma fatalidade.
Luto a cada acordar por um dia feliz.

sexta-feira, abril 10, 2009

O primeiro dia de chuva em Abril

O dia levantou-se alto e solarengo, cantarolou-se pela manhã fora, aconchegando o meu sono feliz. No pino do sol ganhei vontade de o enfrentar, de lhe meter mãos à obra, levantei-me, vesti a minha t-shirt dos bichos e fui à aldeia, apenas para me desiludir no pão esgotado, bolos esgotados, caixa do correio vazia, comprei um pão alternativo e nem fui à taberna beber o meu café, não me apetecia ver ninguém que despertasse a minha simpatia. Voltei para a quinta pois regar ainda é uma actividade demorada, complexa e por vezes cheia de obstáculos intransponíveis, depois de ter perdido um bom quarto de hora a lutar com um encaixe da mangueira, decidi começar antes pelo canteiro em frente à casa, enquanto esperava dediquei-me a extrair os pinhões das pinhas que já estavam abertas, enchi o um prato de barro com pinhões de 2 pinhas, fechei a casa e fui à vizinha oferecer-lhe o dito prato de pinhões e pedir-lhe ajuda para o maldito encaixe da mangueira, já estava preparada para comunicar e a amizade calrososa da D. Francisca alegra-me sempre, e assim foi... fui lá dei-lhe os pinhões, contei-lhe a minha luta inglória e ela disse logo me ía lá ajudar. Voltei para cima, agarrei-me outra vez às pinhas e enchi mais outro prato de pinhões (felizmente hoje deixei-o dentro de casa) e almocei uma sandes com o pão alternativo e umas fatias de paio alentejano, por preguiça de lavar loiça, tirei um café e fui bebê-lo à minha esplanada privativa, apanhar sol na cara e nas costas, num daqueles momentos simplesmente perfeitos. Mais coisa menos coisa a D. Francisca veio em meu auxílio e naquela força dela de mulher do campo conseguiu ganhar ao encaixe e lá pus o resto das laranjeiras a regar, enquanto regavam, com a ajuda da minha mestra pus a minha erva cidreira dentro do pneu no canteiro e arrancámos as ervas daninhas que por ali proliferavam alegremente, o sol ainda brilhava sorridente, mas as nuvens começavam a reunir-se. Hoje era a minha vez de ir tomar chá a casa dela e depois de tudo preparado para partir fui para baixo, quando lá cheguei fui dar uns miminhos ao pacato, que está preso preso porque é um cachorro sem noção do tamanho ou das culturas que os homens deitam à terra, e fomos para dentro beber chá de alecrim e limão com bolo de água mel e pão com água mel, e agora perguntam-se: o que é a água mel? E eu explico, é um subproduto do mel caseiro feito da cera das colmeias fervida em água, é simplesmente divinal. No fim do lanche o sr. João subiu lá acima comigo, para irmos estudar a localização do segundo abacateiro (o primeiro já está plantado ao lado do limoeiro), e além disso estivémos a observar a evolução da minha horta e os pequenos pessegos que começam a crescer, aqui o céu já estava todo toldado e o vento soprava com valentia, por fim aprendi a cuidar da vinha, aprendi que ervas se devem ir tirando para elas ficarem mais fortes e darem mais uvas, despedi-me do sr. joão, até para a semana e quando saí de lá o céu já estava negro, mas só começou a chover quando entrei na Vasco da Gama, pondo finalmente fim a este Abril tão impossivelmente seco.

domingo, abril 05, 2009

Querer ser um soneto

Quero perder-me no teu olhar
descobrir quem és
onde estás, porque não chegas...

Quero amar-te na azáfama da Primavera
contar para ti as estrelas do céu ao anoitecer
enternecer-me nos teus braços e sorrir.

Quero pensar em ti a toda a hora
escrever cartas de amor
saborear os teus beijos
juntos perdermos a noção do sol e do calor.

Quero aninhar-me no teu regaço
depois de regar as laranjeiras
no fim dos dias cálidos de bonança
e enamorar-me pelo cheiro das floreiras.

quinta-feira, abril 02, 2009

O tempo como ele é

O tempo supostamente devia semprer levar o mesmo tempo a passar, e julgo que na verdade leva, mas a noção que nós temos da sua passagem essa é altamente volátil e na realidade é essa noção que comanda a vida, seja como for estou num momento em que sinto o tempo a correr vertiginosamente, durante a semana os dias sucedem-se com uma avidez que quando estou por mim já estou de folga, quando estou de folga parece que ainda passa mais depressa, sucedendo-se as horas de prazer e descanso, quando dou por mim, já aqui estou outra vez a preparar-me para ir trabalhar, este primeiro trimestre do ano passou para mim num piscar de olhos, será que o sr. tempo não me podia ajudar a abrandar um bocadinho o meu ritmo de vida, depois admiro-me de a minha coluna estar gasta...