Não vamos casar !

Detesto casamentos. Detesto particularmente casamentos de Verão. Detesto as filas de carros a buzinar com merdinhas brancas penduradas nas antenas. Detesto a hipocrisia do casamento, do dia, do contrato e da instituição. Se também detestas algumas destas coisas junta-te ao club

terça-feira, agosto 31, 2004

Women on Waves

Agora já não dá para assinar, mas deixo cá o

Abaixo-assinado

Os cidadãos e as cidadãs abaixo-assinados, vêm
por este meio apresentar a sua total discordância e perplexidade perante
a decisão do governo de proibir a entrada em Portugal do barco da Women
on Waves, que pretendia atracar no porto da Figueira da Foz, no âmbito
de um projecto visando a defesa da saúde sexual e reprodutiva das
mulheres, do direito à escolha responsável e da defesa da
descriminalização do aborto.

Os argumentos apresentados pelo governo são
incompreensíveis quer à luz da lei nacional,
comunitária e internacional, quer à luz das normas
democráticas e cívicas que implicam a
participação dos cidadãos e das cidadãs,
das suas organizações autónomas, a livre
expressão de opiniões e o debate construtivo, neste
caso em torno de problemas muito reais.

Quer a Women on Waves, quer as organizações
portuguesas, reafirmaram por diversas vezes que a lei portuguesa nunca
seria infringida e não existem motivos para não acreditar em tal; aliás,
o Governo Português dispunha e dispõe de todos os meios e instrumentos
para verificar se tal correspondia à realidade.

Este barco já desenvolveu o mesmo tipo de acção
em dois países da União Europeia e nenhum proibiu a sua entrada, pese
embora a situação de criminalização do aborto existir também nestes
países (Irlanda e Polónia).

Portugal é o único país da União
Europeia que leva mulheres a tribunal por terem realizado um aborto;
passará agora a ser também o único país que impede a livre actuação de
organizações cívicas.

Refutamos completamente os argumentos apresentados pelo Governo,
de que esta iniciativa poria em causa a saúde pública e reafirmamos o
seu carácter hipócrita. Saúde pública em causa é a situação que existe
hoje, são as teias do aborto clandestino.

Reafirmamos a nossa vontade de prosseguir todas as iniciativas
que levem à alteração de uma lei injusta, penalizadora das mulheres e
hipócrita que é vergonha nacional.

Apelamos a todos os cidadãos e cidadãs,
independentemente das suas convicções pessoais sobre a realização do
aborto, mas que querem viver num país onde as mulheres não sejam
penalizadas, onde o respeito pelas escolhas de cada mulher e cada
família sejam respeitadas, onde a dignidade seja um valor concreto e a
educação sexual, o planeamento familiar e o acesso generalizado à
contracepção sejam um direito de todas e todos, para que manifestem o
seu repúdio por esta decisão do governo e o seu apoio à alteração da
actual lei sobre a interrupção voluntária da gravidez. Apelam ainda aos
órgãos de soberania para que se pronunciem sobre esta decisão.

29 de Agosto de 2004

P.S. A hipocrisia não pode vencer sempre

Odeio estar apaixonada

sexta-feira, agosto 27, 2004

O que podemos controlar

A vida, como o amor, é um lugar estranho, por vezes estranho por demais. Nascemos e crescemos e acreditamos sempre que controlamos a nossa vida. (Menos os acólitos mais fervorosos q colocam a vida nas mãos de deus) E controlamos, de certo modo, tomamos as nossas opções, decidimos entre isto e aquilo. no entanto tenho a sensação espinal que certos designíos não são passíveis de controle. Infelizmente o amor é assim, um lugar estranho, e tenho a profunda infelicidade de ter um coração, responsável corporal da vereação emocional, estúpido que nem uma porta, burro que nem um jumento. Como racionalista puritana que sou passo a vida a tentar controlá-lo e refrear os seus ímpetos mais primários, guardá-los numa garrafa e atirá-los ao mar. Mal afortunadamente de quando em quando essas garrafas depois de muitas voltas e arrastadas por ondas incomensuráveis voltam para me acertar em cheio na cabeça. Preferia ser materialista, só pensar em futilidades banais, em casas férias e mexericos, ler revistas côr-de-rosa e os pseudo romances da margarida rebelo pinto. Mas não cresci a ler os romances extraordinários do Camilo com as suas facas e alguidares e os "Maria não me mates que sou tua mãe" e fiquei assim. Como sou agora, como me sinto agora. Mal. Mal amada. Nada amada aliás. Consigo viver bem assim, mas estou sempre a facear dilemas insondáveis que me entristecem assim...

quinta-feira, agosto 19, 2004

E tudo é mar!!!

Tudo é mar na distância que nos separa
Tudo é mar à volta do mundo
Tudo é mar à volta da vida

A praia é o infinito
O princípio e o fim de todo o mar
Mesmo quando se materializa
em montanhas escarpadas
da solidão e pela solidão

Tudo que é quietude inconstante é mar
A constante revolução das ondas
nas costas intermináveis
A calma perene das baías
que brevemente acaricíam o luar

Tudo o que é mar é Sophia
Tudo o que é mar sou eu
Tudo o que é mar és tu, na eterna languidez que nos separa.

quarta-feira, agosto 18, 2004

Por isto não vou casar - nunca!

Não conheço o amor
Só esta irrealidade absurda que cultivamos
Não conheces o amor
Para ti é um lugar estranho onde ainda não foste
Não conhecemos o amor
Reverso da inevitabilidade fugaz de sermos um único

Procuraste-me a vida inteira
Encontrei-te num olhar
Num relance enraivecido de ódio banal.
Podíamos ter fugido, evitado
Podíamos ter ficado por ali
Tantas vezes...
Todas as vezes...

Encontras-me a vida inteira
Procuro-te sempre num olhar
Num brilho ansioso de paixão incomensurável
Persistimos em viver
Persistimos no erro
Tantos dias...
Todos os dias...

Desconheço o amor
E, no entanto, aguardo temerosa o seu fim
Desconheces o amor
E, no entanto, encontraste-o sem saber
Desconhecemos o amor
Inverso da felicidade que nunca vamos construir juntos

sexta-feira, agosto 13, 2004

Sexta-feira - dia mágico

Não é por começar o fim-de-semana, é por tudo!
Hoje é 6ªfeira 13, é dia de ir para Lisboa. Já tenho tudo pronto, à porta, com tanta vontade de partir como eu. Houve poucas, mas ainda algumas semanas em que ainda olhei para trás e pensei que podia não ir, podia ficar e lutar para ser feliz, aproveitar o descanso e poupar uns kms ao meu carro, à minha coluna e ao meu bolso. Mas não consigo. Tudo o que há de maléfico em Lisboa atrai-me para lá, tantas vezes em vão, tantas vezes amargamente, tantas vezes com desfechos tristes e trágicos como só eu consigo. Não sei como resolver os meus dilemas, por vezes nem os sei identificar, surgem como aparições inesperadas e sugam-me para o seu turbilhão. Vou com entusiásmo para Lisboa, tenho saudades da minha mãe e do "criado preto" dela, mas não posso imaginar se daqui a 12 horas me estou a deitar a sorrir ou a chorar, e quais as histórias que terei para contar.

Os dias azuis

Os dias azuis são assim, tristonhos e infindáveis, parecem nunca terminar.
São acutilantes, são amargos e parecem ferir de morte o coração.
São uma forma de transfiguração da agonia de estar vivo que se sente quando a vida corre mal, ou apenas não corre bem ou obedece a uma monotonia cadente que nos esmaga a vontade de ser feliz e de lutar.
Há dias em que nada nos pode afectar, são poucos e irregulares, há dias normais, assim-assim, nem carne nem peixe, nem verde nem tinto, nem branco nem preto. E há os dias azuis em que absolutamente tudo nos irrita ou entristece e não temos vontade de falar com ninguém. Mas para uma mais aturada percepção dos tipos de dias sugiro a música n.º 8 do Zooropa dos u2.
Hoje para mim o dia está azul.


quarta-feira, agosto 11, 2004

o casamento é uma instituição necrófila

O casamento não é nada mais do que a pura institucionalização daquilo que não é institucionalizável. O casamento não é apenas estranho ao amor. Ele atenta ao amor, a partir do momento em que lhe estabelece regras.
Nesta pequena mensagem procurarei analisar a primeira regra de todas: a organização de uma cerimónia. Depois de ser confrontrada com a autoridade religiosa, ou secular (para os mais infiéis), as quais concedem licença, assinada em papel, para amar, importa mostrar aos nossos amigos e familiares o quão grande é o nosso amor.
Para tal, e de acordo com os ditames impostos pela sociedade do espectáculo, organiza-se uma festa. Supostamente tenta-se mostrar aos nossos convidados que gostamos muito deles, e que naquele dia memorável, a sua presença foi uma benesse. Na verdade, apenas gostamos de alguns: a grande maioria ou foi convidada por causa dos presentes (comprados na loja à nossa escolha, via internet), ou porque os nossos pais, que pagaram pela festa, o exigiram.
Todo o desenrolar da festa é estandardizado, e por isso entediante. O cúmulo da repressão dá-se com o atirar do bouquet das flores, acto que tem como puro objectivo denegrir a situação daquelas que se recusam a entrar no jogo. No final, só uma é que é eleita, anunciando a sua futura ascensão ao Olimpo dos casados.

A vida é cheia de coincidências (principalmente para os amigos da Margarida)

Ontem o Miguel fez anos. 26 anos. Mais um que eu. É a vida! Fomos beber um copo ao Índio, tasca pitoresca, muito fundanense, muito típica, muito local. Lá aconteceram duas cenas maravilhosas, entre outras destaco estas por serem deliciosas, daquelas que dá vontade de apertar as bochechas.
1ª : Margarida e como o mundo gira à volta dela - Deu-me um toq por volta da meia-noite, estranhei, mas liguei-lhe de volta. Estava com o António, uma espécie de escritor ou literário que fez um workshop literário no 1º de Janeiro (restaurante com espaço fantástico, em frente à minha casa) durante o Festival "CALE", que para quem não sabe é o nome da minha rua no Fundão. Estavam no Adamastor em Lisboa, tinham acabado de se conhecer e descobriram-me em comum. Isto poderia ser quase considerado um fenómeno, não fosse a Margarida, minha querida e amantissíma, a pessoa que conhece mais pessoas no mundo, facilmente adaptável àquela anadota que termina com um "Quem é aquele senhor vestido de branco ao lado da Margarida?";
2ª: A bichanita bébe que o índio ofereceu ao Miguel e que é a coisinha mais ternurenta e mais amorosa, mas que ainda não sei ao certo como se chama. Podía ser branquinha, mas ela não é branca, totalmente, é só um bocadito, mas eu vou tentar providenciar uma foto dela para testemunhar.

terça-feira, agosto 10, 2004

O Fundão - sítio onde as pessoas mais se casam

É assustador, mas é verdade.
Aqui toda a gente (a grande maioria, pelo menos) é casada, ou vai-se casar, ou é comprometida, ou apalavrada. Aqui as pessoas não se divorciam, ainda é um escandalo. Os solteiros, livres e descomprometidos são raros e desconfio que 80 % estam abaixo dos 17 anos. E agora gostava que me explicassem porquê. Alguém?!
Pode ser impressão minha, pode ser dos limites minúsculos do meu universo, a verdade é que neste meu universo as únicas pessoas que conheço com um sol efectivo no BI são raras.
E agora perguntam: "O que é um sol efectivo no BI"?
É um solteiro em definitivo, um solteiro de corpo e alma, sem marido, falecido marido ou ex-marido, sem namorado(a) ou amigos(as) coloridos(as), sem melos no meio da rua e cenas de ciúmes, sem contas telefónicas exorbitantes, sem dar satisfações e acima de tudo sem mentiras.

O porquê do "não vamos casar"

Há algum tempo que queria fazer um blog.
E agora fiz!
O Porquê: O Rui e a Marta
Em Junho o meu amigo Rui, colega de faculdade de CP, do glorioso ISCSP (faculdade com nome só pronunciavel pelos alunos dessa "grande instituição"), amigo de sempre, dos matrecos, dos jantares, do tondêla e do hexagono, ligou-me e disse, vou-me casar!
Claro que se ía casar com a Marta. A Marta foi semi-da-minha-turma no 12º ano, mas isso é apenas uma coincidência, só descobri que Ela era a namorada do Rui no dia em que ela disse ao Rui que me conhecia, o que muito me espantou porque eu julgava não a conhecer.
Há muito tempo que nós esperavamos que eles finalmente consumassem o nó, e o caso deles devo dizer que é um dos poucos que não me enoja. Eles amam-se e têm um projecto de vida em comum e espero sinceramente que o casamento lhes traga mais felicidades que dissabores.
Fiquei muito contente e vou sempre ao blog do "vamos casar" para seguir a novela dos preparativos.