Não vamos casar !

Detesto casamentos. Detesto particularmente casamentos de Verão. Detesto as filas de carros a buzinar com merdinhas brancas penduradas nas antenas. Detesto a hipocrisia do casamento, do dia, do contrato e da instituição. Se também detestas algumas destas coisas junta-te ao club

domingo, fevereiro 07, 2010

A estação

Caminho por uma rua comprida,
moderna, iluminada, absolutamente
embrenhada no nevoeiro,
à minha volta não ouço nada,
o barulho dentro da minha cabeça
é ensurdecedor, exasperante.
Está tudo deserto, mas o nevoeiro
ocupa o espaço com a sua densidade
a estação é só um espaço vazio,
como outro qualquer espaço vazio
cheio de nevoeiro e vazio de vida.
A rua vai dar à estação.

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

O meu quarto novo

O meu irmão abandonou o ninho. Ocupei por força o quarto dele, contrariada de abandonar a minha varanda, mas agora que o tornei meu adoro-o. Ainda não está pronto, ainda não tem os candeeiros pendurados, ainda sobram e faltam móveis, os livros ainda estão nos caixotes e ainda não tenho cortinados, mas aqui sinto-me também em casa, tanto como em qualquer um dos meus quartos do Lavre.
Depois de termos mudado a disposição da casa parece que as coisas se resolveram, principalmente para a minha mãe, ao fim de dez anos ela está novamente feliz, isso para mim já é meio coração cheio.
Os senhores dos carrosséis conseguiram tornar o meu "fim de semana", que passei a trabalhar, ainda mais infernal do que o costume mas para compensar desta vez não me atiraram ou bateram com nenhum objecto, ao contrário do fim de semana passado.
O meu Lavre floresce e eu aqui presa na cidade a trabalhar, em filas de trânsito e sem poder passear a minha cadela ou apanhar espargos.
Não sei quando comecei a ler "Os filhos da meia-noite" (Salman Rushdie), sei que o comprei na loja do Sr. Agostinho, no Lavre, por uma bagatela , é um livro cujo cenário político de fundo é a formação do Paquistão, voltei agora a ele depois de um interregno que fiz, devo acrescentar que muito apropriadamente, para ler o "Noites Brancas" (Fédor Dostoievski).