O mundo extraordinário da língua portuguesa
O primeiro livro favorito do senhor que ganhou o campeonato nacional de Língua Portuguesa foi o "Meu Livro da 1ª classe", do tempo da outra senhora, que o senhor fez a escola primária no tempo da outra senhora. O livro favorito de sempre é "O Livro do Desassossego", de Bernardo Soares, o heterónimo de Frenando Pessoa que escreve em prosa, aliás, na realidade são excertos pequenos e grandes de uma vida comum. Caso alguém ainda não tenha reparado, recorro frequentemente a ele, como forma de expressão, acima de tudo como desabafo, porque ele é uma parte sentida e falhada da minha expressão. Por tal, vou aproveitar para vos contar a sua história, e como desde que o comecei a ler, nunca mais parei. Nunca o li todo, vou deixar até poder, capítulos para ler, e das suas linhas linhas retirar analogias fantásticas sempre que necessito delas. Comprei o primeiro "Livro do Desassossego ", no início da Primavera de 1998 ou 1999, para oferecer ao Krithinas nos anos. Ofereci-o com uma linda dedicatória, e comecei a lê-lo assim. Abria uma página ao calhas e lia aqueles minúsculos capítulos em que ecoa apenas uma frase impressa no papel, e consegue com três, quatro ou cinco palavras armar um espantoso desconcerto que nos faz ponderar profundamente o nosso eu. Este livro custo na moeda antiga 5.300$, cerca de 26,5€. Volvido o fim do mundo em 2000, a Revista Visão lançou uma colecção de livros de preço baixo. Ainda o comprei em escudos, 900, 4,5€. Está todo escrito com tintas de diversas cores, com datas, com notas, e muitas horas de companhia.
Vou deixar aqui mais um testemunho da sua sapiência:
"158.
A quem, embora em sonho, como Dis raptou Proserpina, que pode ser senão sonho o amor de qualquer mulher do mundo?
Amei, como Shelley, a Antiga antes que o tempo fosse: todo amor temporal não teve para mim outro gosto senão o de lembrar o que perdi."
Vou deixar aqui mais um testemunho da sua sapiência:
"158.
A quem, embora em sonho, como Dis raptou Proserpina, que pode ser senão sonho o amor de qualquer mulher do mundo?
Amei, como Shelley, a Antiga antes que o tempo fosse: todo amor temporal não teve para mim outro gosto senão o de lembrar o que perdi."
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