Feira de diversões

Nas noites de fim de semana o meu estabelecimento transforma-se irremediavelmente numa feira de diversões onde vale tudo. Por vezes é verdadeiramente insuportável, é mais ou menos como trabalhar dois dias. Amanhã há mais, uma hora mais cedo.

O IRS

Já entreguei o meu irs, finalmente! Contrariada, claro, pois tenho a certeza que o dinheiro que eu sou obrigada a dar ao erário público, por exercer um trabalho e através dele auferir um bem merecido salário, será mal gasto. O que mais me irritou foi quando consegui enviar a declaração eletrónica ainda me apareceu uma mensagem a dizer que possivelmente iría ser investigada pelos declarações de anos anteriores estarem em falta, ainda bem que foi o computador, porque se fosse uma pessoa eu tinha-lhe gritado até lhe caírem as orelhas, para esclarecer que estando eu desempregada nos anos anteriores não podía auferir rendimentos, nem tão pouco pagar algum imposto sobre eles, enfim, eles que me venham investigar para eu poder descarregar alguma raiva sobre um funcionário público que não tendo culpa nenhuma, é certamente um dos incompetentes responsáveis directos pela má utilização do dinheiro dos meus impostos, porque se me investigarem a mim é sinal que não estão a investigar uma das milhares de pessoas que fogem e aldrabam os impostos.

The tube

Estou colada à televisão, recostada no meu sofá, a ver as minhas séries favoritas, os clips dos canais de música que são sempre, fundamentalmente, os mesmos e fazer zapping apanhando diversas informações dos canais de documentários. Vou lendo livros para não embrutecer totalmente, mas sinto-me acorrentada a um mundo superficial e imediato, ao dinheiro e às ambições materiais, vou engordando a biblioteca para me redimir, infelizmente falta-me o tempo para lhes dar andamento, aliás tenho um livro emprestado no cacifo que vou começar a ler depois de amanhã, é sobre o Salazar, o inacreditável vencedor daquela estúpida sondagem sobre os melhores portugueses, que demonstra o desespero profundo em que o nosso país se encontra, aliado à completa ausência de referências culturais ou históricas de 47% das pessoas que votaram nesta sondagem. Aliás sempre tive a certeza que o Fernando Pessoa não ganharia, mas ao menos o D. Afonso Henriques, personagem que também considero muito duvidosa, mas ao menos tinha muito boas desculpas para ganhar, no fundo é o responsável directo pela origem da nossa identidade nacional, agora o Sr. António Oliveira??? Tenham paciência, aposto que os velhotinhos que ainda pensam que ele era o maior, devido à excelente lavagem cerebral que ele efectuou ao longo dos anos, não lhe deram esta vitória, temo que isto seja um fenómeno bem mais grave, que tem a ver com a impotência perante a liberdade, penso que a maioria dos portugueses preferia viver oprimido, proíbido, limitado. É a única razão que encontro, se alguém tiver outras melhores...

A saborear demoradamente a folga

Estou estafada, as minhas costas, as minhas pernas e o meu querido dentinho magoam-me ininterruptamente, mas estou muito feliz por estar finalmente de folga, sabendo que nos próximos três dias não vou pensar nem aproximar-me do trabalho (desde os meus anos que eu não tinha dois dias de folga seguidos). Vou disfrutar descontraidamente destes dias, vou arrumar a casa e as ideias, tratar do irs, estragar-me com compras e mimar-me com as minhas amigas de quem morro de saudades, sim, porque agora só as vejo de dois em dois meses, e acreditem, a presença e o carinho delas fazem-me muita falta. Que raio de vidas fomos arranjar!!! Eu apesar de tudo não trocava a minha por nenhuma outra, sei que este mal estar depressivo é apenas uma fase má aliada ao cansaço e estou certa que antes de eu dar por isso vai passar. Preciso de voltar ao Fundão, fechar o ciclo, estranhamente sinto que lá estão as minhas raízes, que as levei para lá e lá as deixei guardadas na minha terra adoptiva, nas encostas da Gardunha e nas curvas do rio. Este caminho é um medo que tenho de vencer, o assunto que tenho por terminar.

o desencanto

Desta vez chegou rápido, pela voz de uma das pessoas mais inusitadas, que me disse umas quantas verdades e fez esfriar a esquizófrenia romântica em que me encontrava, aliado à minha demanda vespertina que teve como resultado uma frustração descomunal, tudo isto desabou-me em cima no caminho para casa, provocando uma desilusão preventiva que certamente me irá poupar uma muito maior. Estou perdida e está a amanhecer velozmente, os dias custam cada vez mais a somar, o futuro próximo não me oferece qualquer esperança. Onde é o botão para desistir???

Descobri!!!

Hoje passei um dia miserável, completamente contrariada com tudo e em tudo, um dia recheado de oportunidades falhadas e maus perdedores, no fim tive a grande recompensa de uma surpresa fantástica: Information! Amanhã vou dar-lhe uso e arrojar-me numa conquista. Será que é desta? Sinto-me como uma garotinha de escola desde que soube, nem sei se vou conseguir dormir...

Bloqueio

Queria escrever as minhas desventuras mas a eloquência abandonou-me à mercê dos pensamentos erráticos da minha rotina, entre dentista, tabalho e amores falhados ando perdida e incompleta, aborrecida e obtusa. Se ao menos alguma felicidade viesse crescer no meu jardim e expandir as minhas ideias, a minha realidade. Sinto-me fechada entre quatro paredes vermelhas, gigantes, com um céu de chumbo, chuvoso por cima da cabeça. Sei que a vida é mesmo assim, mas não há maneira de me acostumar a isto.

Estoirada

Hoje fui trabalhar, mais uma vez, no meu dia de folga. Já não sei o que é ter uma folga de dois dias há sei lá quanto tempo. Um dos meus directores deu-me um pequeno sermão por andar de meias pretas.

O jogo novo

Assim se inaugurou o jogo: estava lá a mesa, ás sete abriu e tem sido um sucesso, sempre a bombar. Nem consigo descrever o meu dia, tal foi o turbilhão. Agora estou perdida e perdi o impulso , estou tola e engripada, e a um dia de trabalho da folga. Estou apaixonada por uma ideia e só penso em como concretizá-la, ainda não sei bem como, ainda não tenho um plano, além disso não tenho certeza de ter a coragem ou a preserverança de o levar a cabo, mas cada dia que passa ela absorve-me cada vez mais os pensamentos. Obrigada pelo teu sorriso, faz o meu mundo brilhar.

Doce paixoneta

Quero fazer poemas de amor
e deixá-los perdidos no chão
para os apanhares
quero trazer-te a felicidade com um sorriso
flores coloridas e cheirosas do meu canteiro
e dormir contigo nos meus sonhos.

Adagio morango e chocobits

Fascinam-me como uma adolescente, nunca gostei muito de iogurtes, mas este iogurte é delicioso. Parece mesmo um adagio de uma qualquer sinfonia. Relembra-me sempre de apreciar os pequenos bons momentos de prazer simples da nossa vida. Os bilhetes de amor imaginados, os sonhos, traz lembranças alegres e sorrisos a cada trago, os meus ramalhetes de margaridas violetas e princesas brancas, o par de gererberas púrpura por nascer, o meu canteiro do milagre da vida. Um dia calmo e demorado de folga, amanhã volto toda contente ao trabalho. Estou ansiosa por mais uma semana e um carregamento de iogurtes.

O sétimo dia

Ao sétimo dia deus descansou, mas eu fui trabalhar. Acordei precipitadamente para me deliciar com um pequeno-almoço banquete na Nórdica, aproveitei para ir passar meia hora de qualidade com os meus queridos avós e depois fui trabalhar. Graças a ele, refiro-me a deus, claro, tive um dia com um horário inacreditavelmente bom, mas que se tornou enfastioso, sempre longe da minha nova distracção, amanhã há mais, à mesma hora, com um horário diferente, lá estarei outra vez, a pregar as minhas ladaínhas, vender sonhos e negá-los.
Depois da tempestade do meu aniversário sinto-me perfeitamente calma e estou a gozar demoradamente a minha tranquilidade, estou apenas preocupada com o irs e a conclusão do seu prazo, mas a minha folga vai ser dedicada a tratar disso.

Mais um dia

O meu dia de trabalho hoje foi de loucos. Durou 13 horas. O Benfica perdeu miseravelmente, não foi o suplício que imaginei, está a guardar-se para amanhã que será outro dia de 13 horas, mas espero bem que seja o último que isto dá cabo de uma pessoa.

"O meu amor

Trago dentro de mim, amortalhado,
Um amor de tragédia, extraordinário,
Amor que é uma cruz sobre um Calvário
Onde meu peito jaz crucificado!

Amor que é um rosal, já desfolhado,
De pétalas dum branco funerário,
Amor que tem gelos dum sudário,
E as chamas dum inferno não sonhado!

Amor que compreende mil amores,
Amor que tem em si todas as dores,
Amor que nem eu sei o que ele encerra...

Amor de sacrifício e de saudade,
Amor que é um poema de bondade,
Amor que é o maior amor da terra!"

Florbela Espanca

Ai que dores!!!

Só me apetece maldizer a vida. Ando desde o começo do ano a arranjar os dentes, o que implicou a extracção do meu ciso superior esquerdo, duas chumbadas e a desvitalização de um dente. Hoje fui à terceira sessão deste processo de desvitalizar um dente, infelizmente o meu querido amigo dentinho resolveu inflamar, o que resultou em cinco minutos de dores excruciantes uma vez que a anestesia não pegou e mais uma semana de espera até à próxima dose, até lá tenho aqui uma maldita dor de dentes que está a dar cabo de mim assim como da minha já débil disposição. O meu dia no trabalho foi horrível. Amanhã será melhor... vou às compras na hora de jantar, preciso de libertar esta tensão e não há nada melhor que uma distracção fútil, também intelectual - acabo sempre por começar por comprar livros (capitalista consumidora inveterada) - descomprometida e convencional como é ir às compras. Pintar as unhas a ouvir Justin Timberlake (eu sei é ridículo e tenho vergonha porque detesto todas as outras músicas dele. Sem comentários) já ajuda!!! Irónico, não?

A traição

Não posso querer nada
apenas contemplar
em silêncio
demoradamente
em segredo absoluto.

O eclipse do próprio luar
bruma mágica de sombra
apelo da loucura
profundidade da dor
cristal de lágrima.

Aventura desvairada no caos
estradas intermináveis
para alcançar o longínquo
inalcansável esquecimento
pela vitória da distância.

Anseio apenas pela quietude agitada da beira mar.

Bom dia, tangerina

Esta frase aparentemente estúpida faz parte do meu imaginário dos desejos desde há muitos e longos anos, fruto de uma má tradução ou de uma tradição estranha ao nosso país, segundo a qual se um dia comermos aqueles gominhos pequeninos das tangerinas e no dia seguinte, ao acordar, olharmos para os pés e exclamarmos "Bom dia, tangerina", podemos pedir um desejo. Se ele se realiza, isso já é outra história, mas suspeito que, tal como as pestanas, seja pouco provável ou mera coincidência cósmica.

Voltei!!!

Em primeiro lugar peço desculpa por este interregno, talvez saibam ou não que foi a primeira vez que estive quase um mês sem escrever uma palavra aqui, parte por negligência e falta de vontade, a segunda parte por todas as vicissitudes que acontecem na minha miserável existência, na respectiva ordem: fiquei sem internet, fiquei sem telefone e finalmente, quando tive tudo de novo (e já estava a ressacar e precisar muito de escrever) não conseguia aceder a este site onde escrevo os posts. Foi um conluio para o silêncio do mês mais importante do meu ano. o mês do meu aniversário, do começo da saga.
Tive de providenciar uma conta do gmail, que nunca quis ter por não precisar dela para nada. Agora já tenho e vou tê-la até inventarem algo de novo.
Fiz anos. Não fiz festa. Na verdade não me apeteceu nem por um minuto festejar nada. Tive três semanas de trabalho intensivo. Depois foi o caos. Até agora. Hoje comecei mais uma maratona de trabalho que também se vai extender por semanas. Em Abril e Maio vou andar em digressão pelo nosso Portugal, trabalhar também em Abril, Maio será o mês das ilhas e das férias.
Tive um grande desgosto de amizade, meio desgosto de amor e a profunda mas normal desilusão pelo esquecimento, mas a altura de as escrever já passou e neste momento apenas quero esquecer tudo isso.
Tenho saudades do Fundão, principalmente da Serra da Gardunha e das suas extrordinariamente belas encostas, dos abraços dos meus amigos e até tenho saudades de dançar a noite toda no English (exemplo paradigmático de todos aqueles sítios que apenas existem no Fundão). Apesar de tudo ainda tenho medo de ir lá, a incerteza do frio em dois actos.