Não vamos casar !

Detesto casamentos. Detesto particularmente casamentos de Verão. Detesto as filas de carros a buzinar com merdinhas brancas penduradas nas antenas. Detesto a hipocrisia do casamento, do dia, do contrato e da instituição. Se também detestas algumas destas coisas junta-te ao club

quarta-feira, março 31, 2010

Estrelas andantes...

Uma música antiga...
memória de um tempo estranho
em que ainda ousava querer.
Fecho os olhos para aplacar a dor
memória de um tempo futuro
onde a vida se detém nos teus olhos.
Caminho sempre na mesma estrada
memória de um sonho que persiste
por entre a densidade da neblina.
Choro languidamente todo o meu mundo
memória de um momento
cristalino, sólido, ácido e pendular.
O meu sotão está vazio
memória dos meus fantasmas
paredes vivas da minha solidão.
Fumo mais um cigarro de desencanto
memória vaga das minhas loucuras
e parto para aquele sítio escuro e frio.

terça-feira, março 30, 2010

A surpreendente arte de viver

Ontem fiz algo que jamais pensei ser capaz de fazer na vida... e fi-lo com toda a naturalidade e sinceridade:aniquilei os meus sentimentos. Confesso que fiquei deveras orgulhosa de mim própria pelo meu desprendimento face a um objecto de tão forte desejo... surpreendentemente o meu lado racional desta vez venceu, mas está a dar cabo de mim. Sinto que cada dia é uma prova à minha preserverança na vida, e a cada dia que não me consigo mexer ou que não sinto as mãos ou os pés, sei que isto é muito mais do que eu posso aguentar e ainda assim desfaço-me em coragem para acordar para outro dia sem sentido. Amanhã será certamente outro dia...

quarta-feira, março 17, 2010

"Alice in Wonderland" II

Só me apercebi por aviso que me esqueci do Cheshire Cat, absolutamente delicioso, e entretanto lembrei-me também da lagarta azul que fuma, o sábio absoluto, "your hardly Alice"...

"Alice in Wonderland"

Fui finalmente ver o filme... É lindo! A Alice é perfeita... disseram tanto mal da miúda e ela é que é a Alice perfeita... é o sonho dela! Mais uma vez o Tim Burton e o seu elenco reinventaram a Alice no país das Maravilhas e antes de prosseguir só gostava de perguntar porque é que quando ela chega ao muro do castelo da Rainha de copas e olha para cima não aparece lá nenhum humpty dumpty? para além disto o filme é perfeito, a Rainha de Copas é fantástica (off with their heads), o Chapeleiro é o Chapeleiro Louco no seu mais supremo requinte, os gémeos, a Rainha Branca é do melhor que eu já vi, o filme é todo lindo e só gostava de o ver outra vez e em versao digital de preferência, não acho piada nenhuma ao 3d, não sei se é de não ir bem com os meu óculos, mas escurece a fotografia do filme o que é uma pena. Uma coisa é certa, o imaginário da Alice no País das Maravilhas que a disney resolveu criar não podia ter tido melhor arquitecto. UM grande obrigado por este filme.

sexta-feira, março 05, 2010

O acordo ortográfico luso- Brasileiro

Peço imensa desculpa e lamento todas as pessoas que têm de escrever como parte do seu trabalho ou publicamente, mas eu não vou usar jamais este acordo ortográfico que abrasileiriza a nossa língua.
É um ultrage! Não me interessa os milhões que eles são, não podemos ficar com o nosso português e eles com o deles?
A minha pátria é a língua portuguesa, nós é que inventámos o Brasil, claro que, como em tudo o resto que esta pátria mãe lusa pariu, a coisa depois descontrolou-se e o português "brasileiro" ganhou todas as dinâmicas próprias da miscelânea de povos que por lá se foi instalar. E até aqui está tudo certo, agora virem-me dizer que recepção passa a escrever-se receção, tenham lá santa paciência... quando vi, o meu primeiro pensamento foi: o revisor do jornal deixou passar um erro na primeira página, depois lembrei-me que podia ser do novo acordo ortográfico.
Felizmente eu não tenho que escrever nada, a não ser informalmente, como aqui, por exemplo, portanto eu vou avisar que não me renderei a tal coisa, prefiro passar a dar erros. Felizmente aqui o corrector de texto ainda escreve português à antiga, tal como eu, e como todos os escritores portugueses têm vindo a escrever até aqui.
É uma dor de alma, sete séculos de evolução linguística, as palavras nos livros do Eça de Queiroz devem andar todas aos saltos a perguntar "e agora como é que vai ser, dizem-me que sou um erro, um arcaísmo???", a prosa "desesperada" de Fernando Pessoa, que não conseguiu ser visionário o suficiente para arranjar um heterónimo brasileiro, vai ser absolutamente surreal no espaço de uma geração, são dois exemplos dos milhares de escritores portugueses que se vão tornar "Gil Vicentes" do século XXI. Agora já não posso sonhar ser escritora...