Não vamos casar !

Detesto casamentos. Detesto particularmente casamentos de Verão. Detesto as filas de carros a buzinar com merdinhas brancas penduradas nas antenas. Detesto a hipocrisia do casamento, do dia, do contrato e da instituição. Se também detestas algumas destas coisas junta-te ao club

segunda-feira, outubro 30, 2006

Hoje estou feliz

Sabe tão bem quando um dia acaba assim com uma sensação de felicidade pura a cobrir a pele. Muitas arestas existem ainda por limar, mas já consegui construir um conforto interior que me acompanha e me ajuda a somar os dias, aliás, sumi-los até às férias, 14 jornadas. Quase já posso começar a contagem em horas... vou esperar pela próxima semana. Sinto-me de certa forma livre, também deveras cansada.
Ontem aconteceu um episódio verdadeiramente surrealista no meu trabalho, tanto que envolveu champagne e tudo. Foi uma verdadeira festa e tive uma inesperada e agradável visita, que jurou nunca mais voltar. Foi muito engraçado, felizmente esta semana tive uma sucessão de bons eventos no meu mapa social.
Amanhã para mim é sexta-feira e dia de S. receber.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Os episódios secundários do filme da vida

Hoje no caminho para o trabalho, vi no meio da rua duas prostitutas velhas a lutarem. Fiquei tão surpreendida por esta altercação e pela imagem caricata que produziu. Elas não se estavam a puxar pelos cabelos (como sempre havia imaginado e visto nos filmes no que respeita a lutas entre putas). Ambas aparentavam ter quarenta anos e a elegância não estava nos atributos das suas roupas ridículas, sujas e ensopadas pela chuva. Empurravam-se e esmurravam-se na barriga, parecia saído de um filme francês decadente. Tenho uma quase curiosidade de saber qual a razão pela qual se degladiavam tão entusiasticamente.
Muito mais tarde no trabalho, vi dois senhores estrangeiros todos benzocas a dar um beijo na boca, mesmo à minha frente. Mais uma vez a surpresa, que é o tom destes apontamentos patéticos que escolhi de entre tantos outros, quem sabe se até não tão patéticos quanto estes.
Ontem tentei pela primeira vez fazer "aquele" bolo de noz. Foi um desastre. Uma verdadeira tentativa frustrada de fazer um lindo bolo. Felizmente, ou do mal o menos, está delicioso.
A minha busca pela casa perfeita continua...
Quem me dera o dia em que aqui a possa descrever, mesmo que de forma oblíqua, para resguardar algum mistério.
Sinto-me uma escriturária que tem necessidade de escriturar, de escrever, de encher de absurdos linhas intermináveis com frases que nada podem dizer. Rumores brandos que preenchem o vazio da noite silenciosa. Penso em Caeiro e Soares. Como nasceram? como teriam nascido se houvesse já computadores? E se não houvesse sequer com o que escrever, ou onde?

terça-feira, outubro 17, 2006

A obcessão da mudança

Desde que involuntária e inadvertidamente comecei a minha aventura de procura de casa há cinco meses, fiquei absolutamente dependente da ideia de abandonar esta casa. Bem sei que agora tenho outras motivações e outros parceiros, mas o princípio permaneceu. Amanhã vou ao banco. Casa já tenho, uma de sonho e algumas outras segundas hipóteses, e ainda o imenso de desejo de já passar lá o Natal, seja lá onde for. O meu processo de desprendimento emocional está a ser penoso, mas ainda assim tenho-me aguentado firme, hoje, como nalguns outros dias está a ser particularmente penoso, não consigo parar de pensar nele, colou-se à minha pele como humidade tropical, via televisão, tão perto e tão longe, a uma distância que insisto em manter e não me atrevo sequer a pensar quebrar, queria poder apagar as suas referências como uma mensagem de texto ou um registo de chamada, queria nunca mais pensar nele, nem por um segundo. Queria mudar, completar a transfiguração do meu mundo de forma a tudo o que aconteceu nos últimos anos ser apenas uma memória distante, ténue e inacabada. Sei que tudo isto não me fará feliz, mas tenho a certeza absoluta que diminuirá a minha infelicidade.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Sexta-feira 13

Dizem ser um dia aziago, superstição que nasceu da sangrenta noite, sexta-feira, 13 em que, resumindo a história à sua forma mais simplista e telegráfica, a Ordem Templária foi chacinada numa cruzada pessoal do Rei de França, assistido pelo braço inquisitorial da igreja. Certo é que a maldição deste dia pegou e ao longo dos tempos este dia foi sendo assinalado por acontecimentos catastróficos que avolumaram o seu poder sugestivo. Eu gosto das sextas-feiras, 13, e na realidade não tenho memória de nenhuma ter sido um dia fatídico, pelo contrário, esta vai serbem interessante de observar, principalmente no que diz respeito ao comportamento dos jogadores, pois eles aproveitam-se de tudo o que é superstição como motivação ou engodo. Felizmente para mim será o último dia de trabalho, o que significa que vou sair mesmo na hora em que a barraca vai começar a pegar fogo.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Raia espanhola do meu coração

Nunca imaginei que sentisse tanta falta do jogo. Da minha ideologia de jogo, não do jogo em si, claro, a minha carreira é vender jogo, todos os dias estou exposta a ele, mas isso é muito diferente de jogar. Na folga fui a Espanha saciar o vício e acabou por ser uma agradável aventura, agora não se pode fumar lá, por um lado foi bom, pois não fumei compulsivamente como faço quando jogo. É irónico que uns dos poucos casinos onde ainda se pode fumar sejam agora proíbidos para mim. Felizmente o jogo é um vício que abandonei. Restam-me escapadelas a sucedâneos menores, onde não se pode fumar. Se ganhasse o euromilhões comprava uma máquina dos neons para brincar. A aventura foi ir parar a um hotel de golfe mesmo no meio da maravilhosa paisagem da raia espanhola.

Vi finalmente
"Sin city", tenho apenas exclamações de louvor para ele, um filme verdadeiramente fantástico, num seu mais tácito sentido de fantasia, o preto e branco, as cores, os actores, o argumento, a identificação com a banda desenhada. Fez-me lamentar ter perdido o Imago, também só o teria aproveitado se tivesse tido a semana de férias e passasse lá os dias a ver filmes, e isso é impossível e impensável pelo trabalho. Aí está mais uma coisa que poderei fazer se ganhar o euromilhões ou se tiver de ocupar uma semana de férias. Falta pouco mais de um mês para as minhas férias (desculpem a insistência no tema, mas é uma obcessão para mim).

sexta-feira, outubro 06, 2006

A intangível beleza do luar

Ilumina o céu com aquela luz toda prata e branca, diluída mas irradiante. Vejo o seu crescimento noite após noite, desde que é apenas um terço de arco brilhante até se encher na sua esfera de planeta que reflecte como um espelho mágico a luz do sol. Foi aldeia do Urgeiro quando a vi no telescópio, fiquei momentaneamente cega por ter sido encandeada. Recordo-a como uma das mais bonitas noites da minha vida. Outra particularidade deste tão lindo e atraente astro é a sua permanência, o acompanhamento da vida e a inevitável marca da passagem do tempo. A cada céu, a cada mês, a cada lugar diferente. Lembro-me da lua em Nápoles, também posta por cima do mar, a espalhar caminhos de magia sobre as águas, nem estava cheia, estava bem num dos seus quartos minguantes. Em quantos sítios já viram a lua? Eu já a vi em alguns, de todos os tamanhos e até de várias cores. Admiro a lua à muitos anos, na verdade devo-lhe uma verdadeira devoção, é sem dúvida um ícone no meu pavilhão de deuses e divindades. Amanhã gostava de poder admirá-la, numa longa viagem pelo Alentejo. Vai estar cheia.

terça-feira, outubro 03, 2006

Um grito mudo

Hoje, do alto da minha tristeza apenas posso dizer que perdi, que fracassei, que apostei tudo no vermelho e saiu o zero, que não cumpri e abandonei conscienciosamente os meus objectivos. E tive a sensação de estar tão perto, ilusoriamente, claro. Agora, à luz da distância, vejo que estive sempre tão longe como estou da terra dos sonhos. Cinzenta como os dias de antigas lembranças de Outubro, cobre e castanha como as folhas que se quedam pela rua, furiosa como a ventania que desconsola os fins de tarde. Estou envolta em ausências, saudades que não quero nem posso ter.
Não vou ao Imago, nem vou ver a Moagem, nem a Gardunha toda dourada. Não quero mais voltar. Detesto estas semanas de D's intermináveis em que o cansaço e a clausura faz com que tudo pese mais, pareça mais trágico e sem esperança.