Não vamos casar !

Detesto casamentos. Detesto particularmente casamentos de Verão. Detesto as filas de carros a buzinar com merdinhas brancas penduradas nas antenas. Detesto a hipocrisia do casamento, do dia, do contrato e da instituição. Se também detestas algumas destas coisas junta-te ao club

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Fazer as malas

Costumo dedicar-me a fazer as malas com uma minúcia exagerada, preparando cada dia das minhas férias ao detalhe, desta vez não o consegui, peguei nas coisas, dobrei-as despreocupadamente e amontoei-as no meu gigante azul, sei que me vou arrepender amargamente, mas não tenho paciência para mais, na verdade só queria ir, sem malas, sem bagagem, sem esta sensação de perda que levo comigo. Vou fazer trinta anos e não poderia estar mais desanimada para o que me espera, dos vinte levo a minha quinta, o meu trabalho, os meus queridos e dilectos amigos e o coração partido em mil pedaços, e já não é pouco, vou festejá-los longe para ninguém me ver chorar...

domingo, fevereiro 22, 2009

A luta perpétua

Poderia o amor ser algo simples?
Existiria fora da sua densidade,
das emoções confusas e turbulentas?

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Saudades de casa

Já não durmo em minha casa desde o principio de Dezembro, ontem fui lá como tenho feito sempre que acontece fazer um dia de sol na minha folga, custou-me muito vir embora, tenho saudades imensas de dormir lá e fazer a minha vida de mini fundiária, lá apanhei mais umas laranjas e mais umas tanjas, trouxe os meus primeiros agriões e camélias da minha doce árvore que está carregada de lindas flores magenta, lindas, lindas. Mais saudades tenho porque algures no meu prédio cá em Lisboa, alguém está a fazer umas obras ensurdecedoras que me estão a conduzir à loucura. Tenho saudades de passar um par de dias no campo, adormecer a ver as estrelas e acordar com a algarviada do chilrear dos passarinhos, estas pequenas coisas simples adquiriram uma importância fundamental na minha vida, de tal modo que agora não posso passar sem elas. Hoje começa a última semana negra, depois vou para o Sol descansar o corpo e o espírito de todas as atribulações que este ano me trouxe.

domingo, fevereiro 15, 2009

Dogma 777

Este post era para ter um título diferente, mas teatral, trágico-cómico, mas apercebi-me do seu número contabilístico e tive de o usar, primeiro porque é uma capicua, segundo porque utiliza o número sete, que além de ser um dos números que universalmente significam perfeição, é um dos meus números favoritos.
Voltando à vaca fria, cada ano que passa o dia dos namorados parece-me uma coisa mais estúpida, sei que já tive oportunidade de partilhar isso convosco em anos anteriores, mas este ano parece ter-se agudizado em mim este pequeno ódio, para melhor reiterar as minhas palavras em actos juntei-me a um movimento anti-dia dos namorados, mas não posso deixar passar o dia (na verdade já deixei, para o resto do mundo já é dia 15) sem aqui vilipendiar um pouco esta não-efeméride que o mundo capitalista teima em dar cada vez mais importância. Em primeiro lugar custa-me a acreditar que o dito São Valentim se possa ocupar de todos os casais de namorados que grassam por este mundo fora, bem como das abelhas uma vez que também é o padroeiro dos apicultores, além disso o bendito do São valentim não devia ser o santo dos namorados, mas sim dos noivos uma vez que o senhor era um bispo do tempo dos romanos que consagrava o sagrado matrimónio à revelia de ordens expressas do império, que queria impedir os moços de se casarem para irem mais alegremente para a guerra, além de tudo isto no dia 14 de Fevereiro do ano 270 d.c. (dia dedicado à deusa juno, mulher de Júpiter) decapitaram o senhor, fazendo com que todas estas comemorações, flores, balões, corações e chocolates se tornem um bocadinho ofensivas e desrespeitosas para com o senhor para quem esta data foi tão funesta. No entanto a recém-nascida Igreja Católica precisava de adoptar mais uma festa costumeira romana (a Lupercália - inicio oficial da Primavera, festa da juventude e renovação, que começava dia 15) para não perder fiéis (como aliás fez com o Natal) e aproveitou-se mais uma vez da desgraça do bispo Valentim para esse efeito.
Não sei muito bem de onde surge a tradição da troca de presentes, mas tenho a certeza que com a febre que existe hoje em dia não pode ser muito remota e os seus responsáveis são já puros capitalistas que se aproveitam de mais um dia do ano para obrigarem as pessoas a comprar relógios, jóias, bombons, flores e toda a espécie de coisas que aliadas a um obrigatório jantar romântico possam fazer deste dia um dia internacional (ocidental) do namoro.
Para além de tudo isto há a questão do Santo António, esse sim verdadeiro padroeiro casamenteiro e namoradeiro dos portugueses que é bem capaz de se sentir um pouco afectado pela minorização da sua devoção, já para não falar do Cúpido que como deus menor anda com as suas setas a acertar em corações mais desatentos, e que nestes dias é sempre utilizado nos cartões para servir de vassalo do S. Valentim.
Ora tudo isto parece-me errado, como me parecem erradas as melosas e excessivas demonstrações de amor que nos impingem pelos olhos nestes dias, mãozinhas dadas, beijinhos a toda a hora, mas porque é que as pessoas têm a ilusão de que só porque inventaram este dia parvo têm licença para se comportarem como adolescentes embevecidos pelo primeiro amor? Acho que nem numa festa de liceu via as figuras que tive o desprazer de ver hoje no meu local de trabalho.
E depois há ainda uma outra coisa, porque é que as pessoas solteiras, livres e desimpedidas não têm também um dia para elas? Eu também gostava de receber uma prenda só porque sim!!! E porque é que estas pessoas supostamente tão felizes têm de andar o dia todo a partilhar a sua felicidade conjugal com o mundo? Porque é que não ficam em casa a fazer o amor? Não tenho respostas para estas perguntas, mas suspeitos que os namoradinhos tão felizes no dia que comemoram a decapitação do S. Valentim não são assim tão felizes no resto dos dias...

sábado, fevereiro 14, 2009

A doçura de um dia de sol no campo

As flores silvestres vestem de colorido
o espaço e todas as veredas
construindo um quadro de festa visual
os verdes, os brancos e os amarelos
as árvores quedam-se satisfeitas
esticando os seus ramos despidos ao sol
as citrinas exibem orgulhosamente
as suas folhas verdes e os seus frutos laranjas
os pinheiros altivos, paternais,
enchem o ar com o seu aroma a campo
a cameleira oferece o luxuriante
tom magenta das suas camélias
às abelhas que atarefadas recolhem
o precioso pólen que transformarão
em néctar melífero, dourado e perfumado
os agriões crescem selvagens no seu ribeiro
como as ervas de cheiro nos seus canteiros
as videiras já foram cortadas
em preparação para uma nova geração de uvas
os passarinhos assobiam a banda sonora
nos cambiantes de cada espécie
acompanhados pelos balidos e badalos ovelhas
que torna perfeita a luz da fotografia
compondo a paisagem bucólica de estar no campo.

A minha receita para a tarte de laranja

Agarro numa das minhas melhores amigas e vamos para o Lavre num dia de sol e céu azul, almoçamos umas bifanas numa esplanada em Vendas Novas. Uma vez no Vale da Chama, vamos à lenha e às pinhas e acendemos a lareira enquanto bebemos um delicioso café de máquina, agarramos na tesoura, no caixote e vamos para entre as laranjeiras, o Pacato vem brincar connosco, enquanto apanhamos as belas e grandes laranjas até encher o caixote, passamos à tanjareira e enchemos um alguidar de barro, quando o sol começa a tombar, pomos tudo na mala do carro, as laranjas, as tanjas, as couves da D. Francisca, e um garrafão de vinho das minhas uvas que o Sr. João vindimou, ponho as brasas cá fora, fecho a casa e voltamos para Lisboa. Ao passar a ponte sofro uma desilusão. Chegada a casa ponho a manteiga a derreter e tiro a massa do frigorífico, tomo um bom banho relaxante enquanto a manteiga arrefece, agarro em 4 ovos grandes e bato-os inteiros, junto meia chávena de açucar branco, a manteiga, a raspa de uma laranja e o sumo dessa e de outro, coado pelo passador, mexo bem, deito por cima da massa que piquei com um garfo e ponho no forno durante meia hora, à temperatura mínima. Retiro do forno, ponho num prato e espero que arrefeça e voilá.

domingo, fevereiro 08, 2009

Teimosia de amar

A última vez que amei alguém acabei por me aperceber que aquele amor imenso e interminável havia degenerado em pura teimosia, eu teimava que aquele era o homem da minha vida e que era uma fatalidade não podermos ficar juntos, hoje, tudo isto e tudo o que sentia só me parece ridículo, sob qualquer prisma. Foi para mim uma felicidade ter-me apercebido e libertado deste amor venenoso, não que eu tenha encontrado outro para o substituir (isso é outra luta inglória de teimosia patológica), porque não encontrei, mas pelo simples facto de me ter ensinado muitas lições de vida, que me fizeram crescer ao ponto de apreciar esta liberdade emocional da qual gozo agora e até avisar alguns amigos que vi e vejo envolvidos em teimosias emocionais que eles confundem com amor, e posso dizer que já ajudei uma delas a libertar-se de uma teimosia para poder apreciar os prazeres do verdadeiro amor. Contínuo a ter algumas teimosias de amar, como a de amar as pessoas erradas, amar as pessoas que não me correspondem, mas isso, acabam tudo por ser teimosias platónicas, interiores, sem mortos nem feridos, e como o woody Allen salienta (desculpem voltar ao "Vicky, Cristina, Barcelona") o amor romântico só existe pela ausência de reciprocidade, e como todos sabem eu ainda sou uma romântica inveterada e prefiro um amor incorrespondido, a meio amor, pelo menos tenho muito por onde os amigos me consolarem.

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

O conforto terno da amizade

Hoje foi mais um daqueles dias muito negros da minha vida, daqueles dias em que só queria estar sozinha a chorar no meu canto, a aguardar em sofrimento pelo fim da tempestade. Nestes dias apenas a amizade pura pode aliviar, obrigada por estarem sempre aqui amigas!!!

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

"Vicky, Cristina, Barcelona"

Só mesmo o Woody Allen podia fazer um filme tão inspirador numa cidade tão maravilhosa e com um elenco cheio de pessoas bonitas (até a Penélope parece bonita...), uma comédia romântica inteligente e desempoeirada que finalmente enquadra as novas relações que a sociedade de hoje não só tolera, como até certo ponto incentiva, mas também descreve quase na perfeição uma insatisfação latente e insaciável que leva a uma permanente busca de uma ideia pessoal e intransmissível da felicidade que não se pode inserir em nenhum conceito pré-existente e que muitas vezes nem sequer se sabe muito bem o que é, apenas se tem a certeza do que não é. Isto é estar na minha pele, como de certeza na pele de muitos outros. A banda sonora é muito latina e traz uma alegria morna e deliciosa que me transportou imediatamente para as minhas doces recordações das Ramblas do Parque Guell e das praias barcelonesas, o único grande defeito do filme é, ao contrário do que eu estava ansiosamente à espera, o Javier Barden não aparece nu, nem uma vez, e isso é verdadeiramente uma infelicidade estética, bom, mas não podia ser perfeito, pois não?