Não vamos casar !

Detesto casamentos. Detesto particularmente casamentos de Verão. Detesto as filas de carros a buzinar com merdinhas brancas penduradas nas antenas. Detesto a hipocrisia do casamento, do dia, do contrato e da instituição. Se também detestas algumas destas coisas junta-te ao club

domingo, janeiro 28, 2007

A insanidade da tristeza

Nunca pensei que fosse assim. Não tinha preparado a possibilidade de ele aparecer assim, entrar simplesmente pela porta para a sala. Nunca sonhei que nem sequer me visse. Ignorava a sua presença e era feliz. Nunca Nunca imaginei que a sua mera presença mexesse tanto comigo. Só me apetece chorar. Pinto as unhas, em preparação do meu exercício de embaixadora extra-laboral. Ai a minha rica folga...
Depois de uma primeira tentativa gorada de conseguir um empréstimo para comprar a casa, enveredei por outra, mas não tive ainda qualquer resposta, no fundo acho que perdi a esperança. Estou outra vez naquele sítio em que não sei para onde ir ou o que fazer, gostava apenas de desaparecer, esvair-me numa nuvem.
Precisava de ti na minha vida.
A minha banda sonora chama-se tristeza agora e a sua melodia é composta de violinos e oboés, numa ária infinita de melancolia e perda.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

A escavação

A imprevisibilidade da geologia do vale acicatava-lhes o medo e o terror. Trabalhavam no escuro, sob luz de candeias, sob o peso da montanha. Rejubilavam sempre que a morte obrigava a uma nova construçao.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

"Epigrama

Os deuses são felizes.
Vivem a vida calma das raízes.
Seus desejos o Fado não oprime,
Ou, oprimindo, redime
Com a vida imortal
Não há
Sombras ou outros que os contristem.
E, além disso, não existem..."
Fernando Pessoa
(10-07-1920)

Babel

Hoje inspirada pelo filme que fui ver, apetece-me falar de cinema, dizer que gostei muito deste filme, é profundamente dramático, o leque de personagens um verdadeiro luxo, a luz e fotografia são uma delícia, os planos das histórias ostentam uma construção gradualemente equilibrada e até a previsibilidade do enredo se revela bem peculiar. Gostei principalmente do final que quando se apresentava já inevitavelmente trágico sofreu uma reviravolta que o tornou apenas profundamente triste e irónico. É um filme intenso.
E já que estou a falar de filmes, aproveito para deixar aqui uma palavra sobre o "Apocalypto" do Mel Gibson (hoje vi a apresentação e os actores não são os do filme). Ele é um realizador verdadeiramente sádico, o filme é de uma violência brutal, do princípio ao fim, como caracterização de uma civilização perdida está genial, e retrata sem dúvida, sem panos quentes a brutalidade que os achados arqueológicos têm trazido a lume sobre este povo, construtores de pirâmides das Américas, mas não havia necessidade de tantos planos explicítos de violência inenarrável. Não recomendado a pessoas sensíveis. Aliás a Paixão de Cristo parace uma luta de mulheres na lama quando comparado com esta perfeita chacina (e os espanhóis só aparecem na última cena).
Amanhã vou ver o Scoop.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Trabalhar para o subsídio de produtividade

Hoje fui má. Muito má. Implacável. Há dias assim, não sei se é da conjunção cósmica, ou do azar no amor, mas tenho uma sorte inacreditável nas cartas, como tudo, isto é bom para poucos e mau para muitos, absolutamente incontrolável. Eu não tenho culpa, faço o meu trabalho! Enfim, como diz um dos meus mestres, falta menos um dia para a reforma, e para a folga, e para as férias. Mas estes dias não são de forma alguma agradáveis, sinto-me mesmo cansada, agravado por ter dormido pouco estes dias, estou esvaída. Feliz por ter um trabalho tão bom.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

A curiosidade como sinal de inteligência

As mantas são curiosas, logo, inteligentes, silogismo dum programa sobre as mesmas no canal odisseia. As gigantes e gentis borboletas-tubarão do mar. São uma maravilha do mundo animal, acho-lhes imensa piada, na verdade talvez sejam o animal aquático que mais gosto.

domingo, janeiro 14, 2007

A ciranda

Precisamente no momento em que me havia resignado a ficar no conforto e comodidade da casa da mamã, apareceu-me a oportunidade, e ao mesmo tempo o desafio de comprar a minha casa. Aceitei o repto, consegui uma fiadora, amiga verdadeira, e amanhã entrego a papelada para iniciar mais este processo da minha vida. Se as coisas correrem bem a minha casa será a minha prenda de aniversário. Claro que depois terei de gastar uma fortuna a arranjá-la, mobilá-la e decorá-la antes de a poder habitar, já para não falar no tempo que vou passar a pintar, limpar, encaixotar, transportar e arrumar as minha coisas. Terei de ir também ao Fundão buscar o meu mítico frigorífico, e as outras duas peças de mobiliário que lá deixei e que muito jeito me farão. Vai ser uma longa caminhada que ainda está dependente de o banco me emprestar o dinheirinho para a comprar. Seja como for tenho um novo entusiasmo e objectivo na vida e isso, só por si é fantástico e deixa-me animada e cheia de vontade de viver, sei que me vai dar muitas chatices, cortar as possibilidades de viagens, adiar a compra de um carro, mas se concretizar este negócio já terei realizado mais um dos meus sonhos. Agora é só entrar no comboio e aproveitar a viagem.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Multifuncionalidade das cores

Pantufas cor-de-rosa
chávena azul
mesa branca
mala preta
agenda vermelha
livro verde
aquecedor cinza

sexta-feira, janeiro 05, 2007

O meu carrossel particular

Vivo emoções desbragadas, vertiginosas, impossíveis e circulares.
Tive mais uma mirabolante aventura no Hospital de Santa Maria, lá fomos nós confiantes que descobriríam o que a minha mãe tem de errado depois de uma grande seca naquele antro doentio e tenebroso, só para a triagem estivémos cerca de uma hora à espera, após a qual descobrimos que o tempo mínimo de espera para a consulta estimava-se em 6 horas, sim, leram bem, 6 horas, o que não era muito de fiar, pois por volta da meia-noite ainda lá estava à espera uma desgraçada senhora que havia chegado às três da tarde. Desistimos. Este relato pretende apenas demonstrar mais uma bonita pérola do atendimento hospitalar a que temos direito neste país. A visão daquele hospital era aterradora, os corredores estavam pejados de pessoas em macas contorcidas pelo sofrimento e alucinadas pelas horas de espera. Simplesmente desumano.
Um número, uma casa, uma simulação, a falta de vontade e uma maravilhosa impossibilidade. Neste momento já não quero mudar de casa, só o faria por um bem maior, mas este não podia trazer acoplado o meu ódio de estimação.
Estou sinceramente saturada deste devir. Também desiludida por não ter qualquer chance, sequer uma remota hipótese de construir aquele novo amor que me poderá libertar do antigo, porque eu sou fraca e não estou ainda livre, como já julguei estar, estou apenas afastada. Amanhã regresso ao trabalho e certamente que terei outros problemas e desafios com que me preocupar, pelo menos com que ocupar os pensamentos. Sinto que caminho mas não saio do mesmo sítio, ou vou sempre lá ter, ao familiar beco sem saída da desesperança. Já recuperei o meu nhanhanha da cabeça e a febre das compras não tardará. Um dia de cada vez.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

O primeiro post deste ano

Quis escrevê-lo em Badajoz, mas fui incapaz. Faço-o agora. A todos desejo um bom ano, pleno de saúde, trabalho, prosperidade, alegria e concretizações. Enfim o belo do clichê.
Estou de folga depois de um único dia de trabalho - acabaram-se as férias. O meu dente do ciso superior esquerdo está a infernizar a minha existência e tenho de aguentá-lo mais uma meia dúzia de dias até lhe dar o mesmo destino dos inferiores, isso não impede que me sinta doente, e consquentemente, tenha adiado o que tinha planeado para esta folga, que requer uma boa dose de disposição e grande coragem, como disposição não tenho nenhuma, e a coragem tenho que guardá-la para a faca, vou aproveitar para gozar das comodidades do descanso.