Mensagens perdidas 3 - Quero tr

quero trabalhar?
quero trocar?
quero trovar?
quero trovejar?
quero tremer?
quero troçar?
quero trotar?
quero tricotar?
quero tralhar?
quero trepar?
quero tripudiar?
quero tropeçar?
quero trucidar?
quero traduzir?
quero transpirar?
quero tramar?
quero trespassar?
quero tr?

que será que eu quero?
que será que eu queria?

tempestades intermináveis

A era glaciar entrou abruptamente na minha vida, ironicamente a sua gradualidade só se me revelou neste momento. Sempre acreditei que depois de uma tempestade vem sempre um belo dia de sol, com a mesma fé com que sempre acreditei que quem quer bem sempre se encontra, apercebo-me agora que ambos estes pressupostos não passam de fraudes proverbiais. Não tenho um verdadeiro belo dia de sol na minha vida desde o século passado, e atenção que não estou a desprezar os belos dias de sol que já passei no meu Vale da Chama, ou todos os dias que trouxeram pequenos pedaços de felicidade, como o dia em que abri o Casino, ou muitos outros anteriores, em que fui feliz, mas não o devia ter sido, todas as minhas viagens maravilhosas, nada até hoje me conseguiu fazer sentir como naquele dia de sol. Agora que todos os meus castelos caíram uma outra vez, vítimas de mais uma tempestade múltipla, começo a interrogar-me se será para sempre assim?

Perdi

o Jogo

O jogo faz parte da minha vida, posso dizer inclusivamente que o jogo faz parte da minha vida há muitos anos, e poucos, compreenderão como isso é verdade. O senão é que eu não posso falar sobre jogo, porque é o meu trabalho e moralmente sinto-me impedida de falar sobre um assunto que é quase confidencial, além de pessoalmente também o considerar privado. Um bom jogador detesta publicidade. Isto tudo porque eu gostava tanto de poder escrever sobre o jogo, tenho tantas histórias, cómicas, trágicas, policiais, históricas, tenho histórias que nunca mais acabam, mas não as posso contar, as vezes construo metáforas elaboradas, poemas imprecisos, palavras soltas espalhadas em frases alheias, enfim, não é a mesma coisa, mas ficamos assim, "jogo feito, nada mais".

Saudades de casa

Agora sei o que é ter saudades de casa.

Morro de saudades do Lavre.

Morro de saudades da minha casa no Lavre.

Suspiro por ela e pelo meu vale que deve estar a resplandescer no seu ocaso outonal, tenho saudades do meu canteiro e das minhas árvores, do som da bolotas que caiem ao chão e das turmas de passarinhos que moram nas minhas árvores, tenho saudades das minhas roseiras, das margaridas, e da cameleira que a qualquer momento se vai encher de flores, espero que espere até eu chegar, tenho saudades do Sr. João, da sua mulher Francisca, da sua filha Vitória, da D. Malvelina sua nora, que são os meus vizinhos e são uns amores, verdadeiramente queridos, até agora teêm sido uma fonte inesgotável de ajuda e amizade, tenho saudades do café da esquina e do pãozinho da D. Ifigénia, até do Sr. José Amável, maluquinho certificado do Lavre. E ainda faltam tantos dias para eu ir...

Sinto-me perdida aqui, já não fazia um fecho a uma sexta-feira à noite desde Setembro e nem tenho muito bem memória de quando foi, é absolutamente horrível. É uma raridade se for um bom dia, normalmente é um misto de fumo, bêbados e confusão, como foi hoje. Amanhã saio mais cedo, mas o dia será infernal na mesma medida, ou quem sabe não. O nosso lema sempre foi e sempre será "surpreenda-se", não sei muito bem como conseguimos mas vamos sempre conseguindo providenciar surpresas. Ainda falta metade da semana.