Não vamos casar !

Detesto casamentos. Detesto particularmente casamentos de Verão. Detesto as filas de carros a buzinar com merdinhas brancas penduradas nas antenas. Detesto a hipocrisia do casamento, do dia, do contrato e da instituição. Se também detestas algumas destas coisas junta-te ao club

sexta-feira, março 05, 2010

O acordo ortográfico luso- Brasileiro

Peço imensa desculpa e lamento todas as pessoas que têm de escrever como parte do seu trabalho ou publicamente, mas eu não vou usar jamais este acordo ortográfico que abrasileiriza a nossa língua.
É um ultrage! Não me interessa os milhões que eles são, não podemos ficar com o nosso português e eles com o deles?
A minha pátria é a língua portuguesa, nós é que inventámos o Brasil, claro que, como em tudo o resto que esta pátria mãe lusa pariu, a coisa depois descontrolou-se e o português "brasileiro" ganhou todas as dinâmicas próprias da miscelânea de povos que por lá se foi instalar. E até aqui está tudo certo, agora virem-me dizer que recepção passa a escrever-se receção, tenham lá santa paciência... quando vi, o meu primeiro pensamento foi: o revisor do jornal deixou passar um erro na primeira página, depois lembrei-me que podia ser do novo acordo ortográfico.
Felizmente eu não tenho que escrever nada, a não ser informalmente, como aqui, por exemplo, portanto eu vou avisar que não me renderei a tal coisa, prefiro passar a dar erros. Felizmente aqui o corrector de texto ainda escreve português à antiga, tal como eu, e como todos os escritores portugueses têm vindo a escrever até aqui.
É uma dor de alma, sete séculos de evolução linguística, as palavras nos livros do Eça de Queiroz devem andar todas aos saltos a perguntar "e agora como é que vai ser, dizem-me que sou um erro, um arcaísmo???", a prosa "desesperada" de Fernando Pessoa, que não conseguiu ser visionário o suficiente para arranjar um heterónimo brasileiro, vai ser absolutamente surreal no espaço de uma geração, são dois exemplos dos milhares de escritores portugueses que se vão tornar "Gil Vicentes" do século XXI. Agora já não posso sonhar ser escritora...