Não vamos casar !

Detesto casamentos. Detesto particularmente casamentos de Verão. Detesto as filas de carros a buzinar com merdinhas brancas penduradas nas antenas. Detesto a hipocrisia do casamento, do dia, do contrato e da instituição. Se também detestas algumas destas coisas junta-te ao club

sexta-feira, abril 10, 2009

O primeiro dia de chuva em Abril

O dia levantou-se alto e solarengo, cantarolou-se pela manhã fora, aconchegando o meu sono feliz. No pino do sol ganhei vontade de o enfrentar, de lhe meter mãos à obra, levantei-me, vesti a minha t-shirt dos bichos e fui à aldeia, apenas para me desiludir no pão esgotado, bolos esgotados, caixa do correio vazia, comprei um pão alternativo e nem fui à taberna beber o meu café, não me apetecia ver ninguém que despertasse a minha simpatia. Voltei para a quinta pois regar ainda é uma actividade demorada, complexa e por vezes cheia de obstáculos intransponíveis, depois de ter perdido um bom quarto de hora a lutar com um encaixe da mangueira, decidi começar antes pelo canteiro em frente à casa, enquanto esperava dediquei-me a extrair os pinhões das pinhas que já estavam abertas, enchi o um prato de barro com pinhões de 2 pinhas, fechei a casa e fui à vizinha oferecer-lhe o dito prato de pinhões e pedir-lhe ajuda para o maldito encaixe da mangueira, já estava preparada para comunicar e a amizade calrososa da D. Francisca alegra-me sempre, e assim foi... fui lá dei-lhe os pinhões, contei-lhe a minha luta inglória e ela disse logo me ía lá ajudar. Voltei para cima, agarrei-me outra vez às pinhas e enchi mais outro prato de pinhões (felizmente hoje deixei-o dentro de casa) e almocei uma sandes com o pão alternativo e umas fatias de paio alentejano, por preguiça de lavar loiça, tirei um café e fui bebê-lo à minha esplanada privativa, apanhar sol na cara e nas costas, num daqueles momentos simplesmente perfeitos. Mais coisa menos coisa a D. Francisca veio em meu auxílio e naquela força dela de mulher do campo conseguiu ganhar ao encaixe e lá pus o resto das laranjeiras a regar, enquanto regavam, com a ajuda da minha mestra pus a minha erva cidreira dentro do pneu no canteiro e arrancámos as ervas daninhas que por ali proliferavam alegremente, o sol ainda brilhava sorridente, mas as nuvens começavam a reunir-se. Hoje era a minha vez de ir tomar chá a casa dela e depois de tudo preparado para partir fui para baixo, quando lá cheguei fui dar uns miminhos ao pacato, que está preso preso porque é um cachorro sem noção do tamanho ou das culturas que os homens deitam à terra, e fomos para dentro beber chá de alecrim e limão com bolo de água mel e pão com água mel, e agora perguntam-se: o que é a água mel? E eu explico, é um subproduto do mel caseiro feito da cera das colmeias fervida em água, é simplesmente divinal. No fim do lanche o sr. João subiu lá acima comigo, para irmos estudar a localização do segundo abacateiro (o primeiro já está plantado ao lado do limoeiro), e além disso estivémos a observar a evolução da minha horta e os pequenos pessegos que começam a crescer, aqui o céu já estava todo toldado e o vento soprava com valentia, por fim aprendi a cuidar da vinha, aprendi que ervas se devem ir tirando para elas ficarem mais fortes e darem mais uvas, despedi-me do sr. joão, até para a semana e quando saí de lá o céu já estava negro, mas só começou a chover quando entrei na Vasco da Gama, pondo finalmente fim a este Abril tão impossivelmente seco.