O Outono chega numa noite de chuva
Hoje foi um dia mau, com alguns dramas, com uma dureza extrema no trabalho, os costumeiros desafios à minha preserverança e uma bela chuvada ao fim da noite. As minhas folgas trouxeram uma bendita mudança ao meu destino de férias, de Angola para Cabo Verde, sim, porque por todas as razões e mais alguma prefiro a Ilha do Sal a Luanda. Ainda falta um mês e três semanas e certamente muitos, longos, duros dias de chuva e frio, muitos insultos e horas de pé, muitas discussões e angústia a rodos. Hoje é um dos dias do ano em que a noite terá precisamente a mesma duração do dia, depois tornar-se-á soberana do Inverno e reinará no meu castelo de solidão, retirando da minha vida a luz insidiosa do dia. Isso não me importa, neste momento só me importa a solidão, a incapacidade para ser feliz, a falta de liberdade e independência e o abandono da poesia. Sinto que a poesia me abandonou, que os meus versos se perdem em prosas prolongadas e caóticas que se despedem em murmúrios sibilantes ao luar. Tenho em mim mágoas razoáveis, pirâmides de sonhos desfeitas, caídas e inertes jazendo no chão, esperanças? nem uma consigo encontrar nem no mais fundo de mim.
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