O referendo
Nós somos um país triste, governado por homens incautos e irresponsáveis. Todo este enredo teve início quando o sr. Guterres era Primeiro-Ministro e espicaçado pela sua consciência ultra-católica e falta de maiororia na Assembleia da República resolveu colocar a decisão sobre uma questão de Estado nas mãos de um país inculto, ignorante e ainda dominado pelos preceitos das palavras dos senhores priores. Deu buraco na altura e desconfio que dará um buraco ainda muito maior agora. Ora o nosso actual Primeiro-Ministro, tão corajoso para umas coisas e tão pouco para outras, escudado numa maioria parlamentar acrimoniosa, incapazes de chamarem novamente esta decisão a quem de direito (a nossa Assembleia da República), lavaram novamente as mãos deste assunto e aproveitaram para encher os bolsos com subsídios de campanha e gastar rios de dinheiro do erário público num referendo no mínimo descenessário. Eu, incondicional apoiante do sim, temo que isto dê para o torto outra vez. Quem é pela tolerância não possui meios ou argumentos para convencer um eleitorado forjado por caciques e padres e os únicos verdadeiros acicatados por este tema são os histéricos apoiantes da vida a qualquer preço, nomeadamente a Igreja, que no nosso país ainda tem influência sobre bem mais de 50% do nosso eleitorado. Ora, perdoem-me o paradoxo, mas o sim só vai conseguir ganhar esta batalha com um verdadeiro milagre.
No que diz respeito aos argumentos nem sei bem por onde começar, mas atrevo-me a começar pelo argumento clichê: o aborto clandestino, desconheço os números, penso que ninguém os conhecerá verdadeiramente, mas conheço poucas mulheres que nunca fizeram um aborto, e as que os fizeram tiveram mil e uma razões distintas para os fazerem e não foi o facto de ser proíbido que as impediu. Muitas mulheres sofrem na pela as implicações da clandestinidade e acabam nas macas dos serviços de urgência dos hospitais públicos com complicações decorrentes deste procedimento, que feito por profissionais competentes num local apropriado, não passaria de uma pequena intervenção cirúrgica.
Em especial para os histéricos do direito à vida, o argumento das crianças, nascer e viver como uma criança indesejada (seja qual for o motivo) é uma cruz que estes idiotas querem obrigar estas crianças a carregar, não interessa se não existem condições para o criar, não interessa que as mães sejam adolescentes que mal sabem cuidar delas, não interessa que os pais não tenho condiçoes económicas para alimentar, mandar para a escola e estimar mais um filho, não interessa se as crianças vão ser abandonadas aos cuidados de um orfanato, não interessa se as crianças serão sujeitas a uma vida de horrores e maus tratos, para eles só importa que têm de nascer. Hipócritas. Não são eles que os vão ter de criar e dar amor.
Quanto à Igreja eu até percebo, os padres não sabem o que é ser pais (aliás, muitos até sabem o que é fazer filhos, e tenho a certeza que muitos pagaram abortos ou os incentivaram), mas insistem em impingir esta falsa moralidade aos seus acólitos.
Para todos estes defensores do não, que comodamente do alto das suas fortunas e boas posições na vida gritam que todos os bébes têm direito de nascer, eu pergunto: Quem são eles para julgar alguém? Tencionam levá-los para as suas mansões em Cascais, criá-los, alimentá-los, vesti-los, dar-lhes educação e amor? Não sei porquê mas não me parece.
Mas ainda o que me causa mais impressão são as mulheres, que mulher pode condenar outra mulher, burguesas de merda a cuspirem postas de pescada eloquentes, pergunto-lhes: quantas foram a Espanha fazer os seus abortos no conforto de clínicas privadas, à luz da lei espanhola, dos direitos de cidadãs europeias e de todo o dinheiro que podem dispender? Quantas não podiam fazer aquilo que dizem e ter tido os seus filhos?
Este referendo só vai servir para avaliar a dimensão da hipocrisia. Jovens e apoiantes do sim, apenas apelo que no dia 11 se dirijam às vossas Assembleias de voto e usem uma pequena cruz como arma de luta contra esta hipocrisia. O não, não pode voltar a ganhar, muito menos por falta de vontade de ir votar. Aqui sim todos os votos são importantes e podem fazer a diferença.
No que diz respeito aos argumentos nem sei bem por onde começar, mas atrevo-me a começar pelo argumento clichê: o aborto clandestino, desconheço os números, penso que ninguém os conhecerá verdadeiramente, mas conheço poucas mulheres que nunca fizeram um aborto, e as que os fizeram tiveram mil e uma razões distintas para os fazerem e não foi o facto de ser proíbido que as impediu. Muitas mulheres sofrem na pela as implicações da clandestinidade e acabam nas macas dos serviços de urgência dos hospitais públicos com complicações decorrentes deste procedimento, que feito por profissionais competentes num local apropriado, não passaria de uma pequena intervenção cirúrgica.
Em especial para os histéricos do direito à vida, o argumento das crianças, nascer e viver como uma criança indesejada (seja qual for o motivo) é uma cruz que estes idiotas querem obrigar estas crianças a carregar, não interessa se não existem condições para o criar, não interessa que as mães sejam adolescentes que mal sabem cuidar delas, não interessa que os pais não tenho condiçoes económicas para alimentar, mandar para a escola e estimar mais um filho, não interessa se as crianças vão ser abandonadas aos cuidados de um orfanato, não interessa se as crianças serão sujeitas a uma vida de horrores e maus tratos, para eles só importa que têm de nascer. Hipócritas. Não são eles que os vão ter de criar e dar amor.
Quanto à Igreja eu até percebo, os padres não sabem o que é ser pais (aliás, muitos até sabem o que é fazer filhos, e tenho a certeza que muitos pagaram abortos ou os incentivaram), mas insistem em impingir esta falsa moralidade aos seus acólitos.
Para todos estes defensores do não, que comodamente do alto das suas fortunas e boas posições na vida gritam que todos os bébes têm direito de nascer, eu pergunto: Quem são eles para julgar alguém? Tencionam levá-los para as suas mansões em Cascais, criá-los, alimentá-los, vesti-los, dar-lhes educação e amor? Não sei porquê mas não me parece.
Mas ainda o que me causa mais impressão são as mulheres, que mulher pode condenar outra mulher, burguesas de merda a cuspirem postas de pescada eloquentes, pergunto-lhes: quantas foram a Espanha fazer os seus abortos no conforto de clínicas privadas, à luz da lei espanhola, dos direitos de cidadãs europeias e de todo o dinheiro que podem dispender? Quantas não podiam fazer aquilo que dizem e ter tido os seus filhos?
Este referendo só vai servir para avaliar a dimensão da hipocrisia. Jovens e apoiantes do sim, apenas apelo que no dia 11 se dirijam às vossas Assembleias de voto e usem uma pequena cruz como arma de luta contra esta hipocrisia. O não, não pode voltar a ganhar, muito menos por falta de vontade de ir votar. Aqui sim todos os votos são importantes e podem fazer a diferença.
1 Comments:
At 12:33 AM, ana said…
Faço minhas as tuas palavras.
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