O cartão do cidadão
O mais fantástico deste cartão é que quando nasceu, chamaram-no de CU, cartão único, nome banal que traz consigo a infelicidade da sua abreviatura, ainda mais porque um documento de identificação tem absolutamente de ter uma abreviatura, não é particularmente cortês que ela seja cu. Na verdade a ideia é um conceito muito inteligente e facilitador de vida, a sua concretização, como eu tenho vindo a observar desde há dois dias, já é algo totalmente diferente. Na verdade a minha primeira experiência com este cartão foi bastante agradável, e aconteceu no dia 5 de Setembro, quando fui a Montemor (subentenda-se sempre o-Novo) pagar os impostos da compra da casa e alterar a minha morada nos meus documentos, lá fui eu toda contente fazer o meu B.I. novo, qual não é o meu espanto, a única funcionária que lá estava no registo civil vazio diz-me: "nós aqui já fazemos o cartão do cidadão", fantástico, pensei que assim só tenho de mudar um cartão, no mesmo sítio, dei-lhe o B.I., o cartão de contribuinte, o cartão de eleitor, o cartão da segurança social, e o cartão do serviço nacional de saúde, ela inseriu todas as informações no computador e depois diz-me agora ponha-se aqui para tirar a fotografia, muito bem, quer dizer nem pensar, eu não podia tirar uma fotografia com o aspecto que eu estava, irremediavelmente despenteada, e a senhora diz-me que tenho de tirar a maldita foto sem óculos, peço-lhe desculpa, agradeço-lhe guardo os documentos e vou-me embora, tenho 60 dias depois da escritura, até posso fazer na loja do cidadão e lá tenho a certeza de que posso tirar com os meu óculos, foi um bocadinho frustrante, mas nunca pensei segunda vez nisso.
Na quarta-feira, fui à loja do cidadão nas Laranjeiras, qual não é o meu espanto quando o rapaz me diz, aqui ainda é com B.I., e todos os cartõezinhos, ainda não há nada disso de cartão do cidadão. Mais uma vez, agradeci, dei meia volta, meti-me no carro e Lavre comigo.
Hoje acordei e pensei de hoje não passa, meti-me a caminho de Montemor, fui ao cabeleireiro, às três e vinte cinco entrei no registo civil, mais uma vez. Desta vez a repartição não estava vazia, estava cheia, não só de funcionários, mas também de cidadãos que lá estavam como eu a tratar do cartão ou outros assuntos de cidadania que competem a um registo civil, quero dizer, também não estava cheia no sentido urbano do termo, estavam talvez umas oito ou nove pessoas, e talvez uns cinco funcionários. Depois de uma grande odisseia que quase envolveu um fanico, com toda a propriedade, da Ana Maria, muito humana, simpática e prestável, pois que o leitor das impressões digitais não consegue aceitar a leitura no sistema ou seja, aquilo em Lisboa era o caos.
Agora resta-me esperar uma carta, que me mande de volta ao registo civil de Montemor buscar o belo do cartanito.
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