Mais um processo, desta vez de tribunal
O funcionamento judicial como ele é: faz hoje uma semana o carteiro deixou um daqueles papelinhos vermelhos para ir levantar uma carta aos correios; na segunda-feira fui aos correios, onde perdi meia-hora de vida (e foi muito rápido para o que é usual nos correios da pontinha) para levantar a dita carta. Era uma notificação do tribunal para responder à imcompreensível declaração que vinha em anexo. Aproveitei a ida a Coimbra para consultar o meu primo juíz que ficou siderado com o conteúdo e a forma do processo mas brindou-me com os seus sempre preciosos conselhos de como proceder. Hoje fui ao Tribunal. Cheguei lá, fazendo-me de ignorante e mandaram-me ao quinto piso para mais informações. No quinto piso deparo-me com quatro guichets: secção central; 1ª secção; 2ª secção; 3ª secção; ninguém em nenhum deles... optei pela secção central, quando a matrona encarregue dela me viu, muito contrariada lá deixou a costura que fazia com a sua colega para me vir atender com o seu melhor ar de enfado: "ai, isso nao é aqui, é na 2ª secção" disse ela como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Lá fui eu para a também vazia secção, grita-me uma senhora lá do fundo da sua secretária: "o que deseja?". Esbofeteei-a com a minha calorosa "boa tarde" e esperei pacientemente que se aproximasse de mim, mostrei-lhe os papéis e fiz-lhes as perguntas que precisava (na verdade esqueci-me de uma, mas também duvido que ela soubesse ou quisesse responder), ao que ela me respondeu com informações escassas e me deu um formulário de requerimento para preencher. Vim-me embora, ali não resolveria mais nada, no entanto tenho a certeza que terei de lá voltar ainda, pois o intuito desta acção é dar-me incómodos e chatices, e tenho a certeza que vai ser cumprido, aliás já está a ser e a missa ainda não vai em metade, ou a procissão ainda vai no adro, como preferirem. Nestas alturas sinto-me sempre enclausurada dentro de um livro de ficção científica Kafkiana pelos insólitos criados por estas situações.
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