Lar doce lar
Falta-me a vontade de escrever, de narrar, de partilhar os pequenos nadas que são tudo. No entanto o bichinho força-me e toma posse da ponta dos meus dedos, do meu olhar, das palavras atribuladas que não posso passar sem escrever. Depois do meu último post e da alegria com que o escrevi tudo parece ter desabado para o seu estado vulgar. Inunda-me um certo desapego por tudo, um desanimo de alma, um grito, um desejo de me fechar e fugir para dentro de mim. Como exercício de expiação vou tentar neste post, em notas soltas apresentar os apontamentos mais marcantes destes últimos quinze dias.
Santarém, fim da tarde, aproximo-me do fim da via rápida por onde circulo à descoberta do hotel onde vou buscar a minha mãe, uma rotunda no centro de um descampado onde duas dezenas de cavalos e potros pastam despreocupadamente a uns metros do trânsito habitual daquele pedaço de terra, limiar onde a cidade encontra e sufoca o campo.
Setúbal, o desfazer do sonho, a chegada da doença, da dor, da febre, ainda outra noite sem dormir, "As Máscaras de Salazar", a distância do mar, ali tão perto, a cegueira da ilusão, a decepção do silêncio absoluto, aquele entardecer tão lindo e ao mesmo tempo tão triste. Desde este dia não voltei a ser feliz.
Viseu, o Inverno voltou naqueles dias para agravar a minha doença e desconforto. As viagens foram um suplício e não fosse qualidade do Montebelo, não sei se teria aguentado. Sobrevivi e quando cheguei a Lisboa fui ao Catus, uma vez que a minha auto-medicação farmacêutica fracassava a olhos vistos, estava cada vez mais doente, sentia-me cada vez pior, tinha uma faringite e uma outite em estado bastante avançado, fui devidamente medicada, na verdade ainda não me sinto bem, se não ficar totalmente curada vou ter de voltar lá. As três viagens de avião que fiz por pouco não me ensurdeceram, mas provocaram-me dores muito intensas, insuportáveis, por pouco não desatei aos gritos quando estava a aterrar nos Açores, vontade não me faltou, acho que foi mesmo a voz...
Nos dois últimos e dolorosos dias de trabalho, estava muito doente, apenas queria despachá-los. Os fantasmas começavam a adensar-se na minha cabeça, o espaço estava vazio dele, era como se nunca tivesse existido fora da minha cabeça, a não ser pelo gozo da meretriz ninfomaníaca, não me recordo de nada, sei que todo o tempo só pensava em sair dali. No dia do trabalhador fechei cedo e fui uma das primeiras a sair. Despistei-me antes de entrar na segunda circular, agradeço aos meus queridos colegas e amigos que ficaram comigo na longa espera pelo reboque, quando finalmente chegou e estava a levá-lo para a oficina, em conversa de circunstância com o operador, descobri que o reboque é de um cliente meu. Cheguei a casa já era manhã.
Depois de dormir um par de horas fiz as malas para cinco dias e fui com a minha mãe para o aeroporto, para apanharmos o avião das cinco para o Funchal. O voo foi cancelado, estivémos mesmo perto de já não ir, mas às nove da noite o avião da Sata que nos transpostou estava a aterrar na Ilha da Madeira.
No Funchal, excepto por alguns pequenos e insignificantes detalhes correu tudo bem e foi tudo muito bom, o tempo estava maravilhoso, o hotel era mesmo à beira mar, a lua estava cheia, estive com o meu querido amigo Marco, com o Vitor Hugo e as suas respectivas namoradas (muito queridas, simpáticas e boas de conversa). Passeei demoradamente na "Promenade", fiz compras, fui ao cabeleireiro, deliciei-me com as fantásticas iguarias gastronómicas e comprei Português Suave Vermelho a 1,95€.
Ainda mais uma noite sem dormir e às seis da manhã já estava a caminho do aeroporto para apanhar o avião semanal para Ponta Delgada na Ilha de S.Miguel nos Açores.
Fomos parar a um hotel completamente japonês, incompreensível, o dia estava muito tristonho e cheio de nuvens, mas a tarde descobriu-se solarenga e lá fui eu à descoberta da beleza de Ponta Delgada, depois de uma hora a caminhar e da minha habitual visita às capelinhas regressei ao enclave japonês onde me aguardava uma surpresa inesperada, a verdadeira essência de S.Miguel, o escritor Fernando Aires e a sua esposa, casal amoroso com quem tive um verdadeiro gozo em conversar, foi uma revelação extraordinária depois de uma tarde rodeada de pessoas carrancudas e tristes, sem dúvida um ex-libris dos Açores.
No dia da mãe aterrei em Lisboa e fomos fazer um agradável almoço familiar de confraternização domingueira na nova casa do meu tio.
No dia seguinte fomos para Coimbra, em plena queima das fitas, quando entrei no restaurante do hotel estavam lá os Xutos e Pontapés a jantar animadamente numa mesa muito comprida, não fui ao queimódromo, limitei-me a uma visita de médico a casa do meu amigo Alexandre e da sua namorada, quando cheguei ao hotel lá estava mais uma amiga e no dia a seguir as primas foram lá manifestar o seu apoio incondicional e aquele carinho interminável. Ainda fui a casa do meu primo juíz pedir-lhe aconselhamento judicial para a resolução da minha actual questão judicial com o meu pai.
No fim do dia, depois de um jantar em pé fomos para a Guarda, foi bom, mas o melhor foi mesmo a viagem de volta para Lisboa. Agora só falta Castelo Branco, só espero que já haja cerejas...
Santarém, fim da tarde, aproximo-me do fim da via rápida por onde circulo à descoberta do hotel onde vou buscar a minha mãe, uma rotunda no centro de um descampado onde duas dezenas de cavalos e potros pastam despreocupadamente a uns metros do trânsito habitual daquele pedaço de terra, limiar onde a cidade encontra e sufoca o campo.
Setúbal, o desfazer do sonho, a chegada da doença, da dor, da febre, ainda outra noite sem dormir, "As Máscaras de Salazar", a distância do mar, ali tão perto, a cegueira da ilusão, a decepção do silêncio absoluto, aquele entardecer tão lindo e ao mesmo tempo tão triste. Desde este dia não voltei a ser feliz.
Viseu, o Inverno voltou naqueles dias para agravar a minha doença e desconforto. As viagens foram um suplício e não fosse qualidade do Montebelo, não sei se teria aguentado. Sobrevivi e quando cheguei a Lisboa fui ao Catus, uma vez que a minha auto-medicação farmacêutica fracassava a olhos vistos, estava cada vez mais doente, sentia-me cada vez pior, tinha uma faringite e uma outite em estado bastante avançado, fui devidamente medicada, na verdade ainda não me sinto bem, se não ficar totalmente curada vou ter de voltar lá. As três viagens de avião que fiz por pouco não me ensurdeceram, mas provocaram-me dores muito intensas, insuportáveis, por pouco não desatei aos gritos quando estava a aterrar nos Açores, vontade não me faltou, acho que foi mesmo a voz...
Nos dois últimos e dolorosos dias de trabalho, estava muito doente, apenas queria despachá-los. Os fantasmas começavam a adensar-se na minha cabeça, o espaço estava vazio dele, era como se nunca tivesse existido fora da minha cabeça, a não ser pelo gozo da meretriz ninfomaníaca, não me recordo de nada, sei que todo o tempo só pensava em sair dali. No dia do trabalhador fechei cedo e fui uma das primeiras a sair. Despistei-me antes de entrar na segunda circular, agradeço aos meus queridos colegas e amigos que ficaram comigo na longa espera pelo reboque, quando finalmente chegou e estava a levá-lo para a oficina, em conversa de circunstância com o operador, descobri que o reboque é de um cliente meu. Cheguei a casa já era manhã.
Depois de dormir um par de horas fiz as malas para cinco dias e fui com a minha mãe para o aeroporto, para apanharmos o avião das cinco para o Funchal. O voo foi cancelado, estivémos mesmo perto de já não ir, mas às nove da noite o avião da Sata que nos transpostou estava a aterrar na Ilha da Madeira.
No Funchal, excepto por alguns pequenos e insignificantes detalhes correu tudo bem e foi tudo muito bom, o tempo estava maravilhoso, o hotel era mesmo à beira mar, a lua estava cheia, estive com o meu querido amigo Marco, com o Vitor Hugo e as suas respectivas namoradas (muito queridas, simpáticas e boas de conversa). Passeei demoradamente na "Promenade", fiz compras, fui ao cabeleireiro, deliciei-me com as fantásticas iguarias gastronómicas e comprei Português Suave Vermelho a 1,95€.
Ainda mais uma noite sem dormir e às seis da manhã já estava a caminho do aeroporto para apanhar o avião semanal para Ponta Delgada na Ilha de S.Miguel nos Açores.
Fomos parar a um hotel completamente japonês, incompreensível, o dia estava muito tristonho e cheio de nuvens, mas a tarde descobriu-se solarenga e lá fui eu à descoberta da beleza de Ponta Delgada, depois de uma hora a caminhar e da minha habitual visita às capelinhas regressei ao enclave japonês onde me aguardava uma surpresa inesperada, a verdadeira essência de S.Miguel, o escritor Fernando Aires e a sua esposa, casal amoroso com quem tive um verdadeiro gozo em conversar, foi uma revelação extraordinária depois de uma tarde rodeada de pessoas carrancudas e tristes, sem dúvida um ex-libris dos Açores.
No dia da mãe aterrei em Lisboa e fomos fazer um agradável almoço familiar de confraternização domingueira na nova casa do meu tio.
No dia seguinte fomos para Coimbra, em plena queima das fitas, quando entrei no restaurante do hotel estavam lá os Xutos e Pontapés a jantar animadamente numa mesa muito comprida, não fui ao queimódromo, limitei-me a uma visita de médico a casa do meu amigo Alexandre e da sua namorada, quando cheguei ao hotel lá estava mais uma amiga e no dia a seguir as primas foram lá manifestar o seu apoio incondicional e aquele carinho interminável. Ainda fui a casa do meu primo juíz pedir-lhe aconselhamento judicial para a resolução da minha actual questão judicial com o meu pai.
No fim do dia, depois de um jantar em pé fomos para a Guarda, foi bom, mas o melhor foi mesmo a viagem de volta para Lisboa. Agora só falta Castelo Branco, só espero que já haja cerejas...
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