Não vamos casar !

Detesto casamentos. Detesto particularmente casamentos de Verão. Detesto as filas de carros a buzinar com merdinhas brancas penduradas nas antenas. Detesto a hipocrisia do casamento, do dia, do contrato e da instituição. Se também detestas algumas destas coisas junta-te ao club

quinta-feira, abril 05, 2007

Equador

Quando este livro foi lançado há uns anos atrás instalou-se aquela febre veraneia de toda a gente andar a passear o seu exemplar na praia para trás e para diante, das poucas pessoas que eu conheço que o leram, a maior parte disse que não tinha gostado, que era uma chatice e por aí fora, algumas pessoas gostaram mas também não o gabaram no verdadeiro merecimento que ele tem. Durante todo este tempo sempre me fascinou e estive muitas vezes com ele na mão antes de finalmente o comprar na semana passada. Acabei de o ler esta madrugada e queria deixar aqui, publicamente a minha mais sincera admiração pelo seu autor, mas particularmente pelo livro em si, foi o melhor romance que eu li nos últimos anos, como todos sabem eu leio quase desenfreadamente e não digo isto de forma leviana.
Tocou-me profundamente, fez-me rir, chorar e emocionou-me em cada página, pelo que me deu um prazer incomensurável, a história é fantástica, o estilo queirosiano século XX irrepreensível, os personagens deliciosos, magnificamente trabalhados (principalmente o protagonista, o verdadeiro herói falhado), o romance romântico à maneira da velha guarda, acrescido de um erotismo descritivo mas elegante e o humanismo histórico realista que retrata uma época e uma realidade muito subvalorizada e desconhecida da nossa história. Sinto um profundo desprezo intelectual pelos idiotas que não o conseguiram ler, pelos insensíveis que não gostaram e pelos ignorantes que o compraram mas nunca o leram, sinto também que todos os elogios que lhe fizeram foram parcos para uma obra tão inteligente, lúcida e deslumbrantemente bonita no imaginário que constrói e apresenta, ao Miguel Esteves Cardoso um grande obrigada por este novelo perfeito e singelo de palavras, realmente filho de peixe só pode saber nadar.