A prisão doméstica
De quando a quando sou forçada pelo meu agregado familiar disfuncional a quedar-me em casa. Abomino, não que não goste de estar em casa, por vezes até gosto, mas estar forçosamente em casa, dá-me umas ganas de sair, de ir às compras, ao cinema, para o café, enfim, acabo a vaguear nesta minha bela localidade de pura urbanidade de betão, entre o supermercado e as lojas dos chineses, vou ver a bola para o café, faço jantares vegetarianos, trinta por uma linha para escapar à prisão de estar confinada ao perímetro de casa. É uma angústia vaga e precoce que me desespera na sua dimensão menos poética, na sua aspereza, na incerteza do caminho, na lassidão dos dias que se arrastam indolentes na fatalidade de ser.
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