Chuva oblíqua
Não, hoje não vou escrever mais outro poema do meu mestre Pessoa, quero falar da chuva, chamo-lhe oblíqua pela sua dimensão geométrica, pela sua insistência em não cair, ou ponderadamente se alastrar pelas ruas a espaços como se de um jogo de escondidas se tratasse. Oblíqua também pela teimosia do vento a insidiar nas suas arestas, nas suas direcções, até nos seus alvos. Pois meu caro, acreditem, ela tem os seus alvos, os seus caprichos, as sua preferências em cair aqui, ali, agora ou mais daqui a pouco. Por ser frenética ou desenfreada, por ser escassa ou ténue. No seu jogo equilibrado, ou não, de fazer felicidade ou acentuar a tristeza, de alma em alma ela escorre na sua mais nítida limpidez.
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