Não vamos casar !

Detesto casamentos. Detesto particularmente casamentos de Verão. Detesto as filas de carros a buzinar com merdinhas brancas penduradas nas antenas. Detesto a hipocrisia do casamento, do dia, do contrato e da instituição. Se também detestas algumas destas coisas junta-te ao club

terça-feira, novembro 16, 2004

A vila

Fumo. Está frio e olho para o mar enquanto o sol me conforta com a sua esperança ainda fugidia. Ele acabou de sair, só voltará à noite, depois de jantar. Tenho uma alegria incomensurável por estar ali, por olhar para o mar, ali tão perto, por o sol brilhar tão radioso no céu tão azul. Demoro-me na sua imensidão, tenho um dia inteiro para matar e as horas passam languidas nestas alturas. Apronto-me lentamente, com preceitos e requintes de método. Saio. A caminhada até ao meu carro é entrecortada por um vento gélido e sibilino. Abrevio-a com o meu passo urbano e célere. Parto à descoberta, rumo ao desconhecido encontro uma placa que a indica a sua direcção, o seu nome espicaça-me a curiosidade e alguns metros adiante encontro-a, tal como ela é, vilória piscatória à beira do mar. Abanco num café, a "Pastelaria - Padaria Cruzeiro". Li o Jornal, escrevi as minhas linhas, devidas à tão estranha ocorrência de estar ali e segui caminho, desta feita para a Cidade. É bela, o seu entardecer magnífico, o predicado marítimo concede um esplendor assegurado a qualquer sítio. Regresso à base, e o aborrecimento começa a tomar conta de mim, assim como aquele pressentimento de estar tudo a correr tão bem, que se torna impossível imaginar que esta perfeição não será interrompida por algo. E assim foi. O resto são lágrimas e aquela tristeza profunda que cola e não descola.