Não vamos casar !

Detesto casamentos. Detesto particularmente casamentos de Verão. Detesto as filas de carros a buzinar com merdinhas brancas penduradas nas antenas. Detesto a hipocrisia do casamento, do dia, do contrato e da instituição. Se também detestas algumas destas coisas junta-te ao club

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Eugénio de Andrade

O pai Paulouro quando fala dele costuma citar uma expressão emblemática que eu repetia em surdina, para dentro, com o gozo de saber por instinto, que seria aquele o elogio às aldeias da Beira Baixa, como a Póvoa da Atalaia, que a sua oratória íria, e com toda a propriedade, proferir.

Desde adolescente que uso uma expressão de um dos seus poemas à mãe para me despedir nas cartas mais dolorosas, mais tristes é quase inevitável que aquele derradeiro fim não faça uma qualquer pedrinha chorar.

Eu, de uma forma diferente, vejo agora o vazio que teria na minha vida, se porventura, não tivesse percorrido e amado, quantas vezes tão dolorosamente, essas lindas, simples e pobres (mas ricas de humanidade) aldeias da beira beixa, particularmente do Fundão. As suas vielas de granito ou xisto respiram por elas próprias, o campo ajuda o seu marulhar de esperança e a vida persiste lânguida e vagarosa no seu ritmo indescritível.

É verdadeiramente o profeta dos amores difíceis mas inevitáveis e inadiáveis