Não vamos casar !

Detesto casamentos. Detesto particularmente casamentos de Verão. Detesto as filas de carros a buzinar com merdinhas brancas penduradas nas antenas. Detesto a hipocrisia do casamento, do dia, do contrato e da instituição. Se também detestas algumas destas coisas junta-te ao club

terça-feira, março 25, 2008

Time is upon us

Está quase, está a chegar o dia em que completo dois anos de trabalho. Abri um dos sítios com mais sucesso de Lisboa, sinto-me orgulhosa. (Depois sei que um matumbino cuspiu para cima de uma mesa.) Somos um sítio de sucesso a ferro e fogo, mas a verdade é que nunca estivémos vazios, nem perto disso, às vezes está "calminho", mas quando está ao rubro é uma completa e absoluta surpresa. É o meu ganha pão, tento todos os dias dar o meu melhor e tento fazê-lo com alegria, porque há sorrisos que valem o mundo. Tenho tantas saudades dentro de mim, de tanta gente, tenho afectos, tenho sonhos e horizontes de esperança, de espaço e tempo. São as águas de Março...
"Águas de Março
Elas fecham o Verão...
É pau
É pedra
É o fim do caminho
É um resto de touco
É um pouco sozinho
É um caco de vidro
É a vida
É o sol
É a noite
É a morte
É o laço
É o anzol
É peroba de campo
É um nó na madeira
Caicai candeia
É uma tita pereira
É madeira de vento rombo da ribanceira
É um mistério profundo
É o queira ou não queira
É o vento ventando
É o fim da ladeira
É a viga
É o vão festa da cumieira
É a chuva chovendo
É conversa ribeira
das águas de Março
É o fim da canseira
É o pé
É o chão
É a marcha estradeira
passarinho na mão
pedra de atiradeira
uma ave no céu
uma ave no chão
um regato uma fonte
um pedaço de pão
É o fundo do poço
É o fim do caminho
no rosto o desgosto
É um pouco sozinho
É um estrepe
É um prego
É uma ponta
É um ponto
É a linha
É um pingo pingando
É uma conta
É um conto
É um peixe
É um gesto
É uma prata brilhando
É a luz da manhã
É o tijolo chegando
É a lenha
É o dia
É o fim da picada`
É a garrafa de cana
o estilhaço na estrada
É o projecto da casa
É o corpo na cama
É o carro enguiçado
É a lama
É a lama
É um passo
É uma ponte
É um sapo
É uma rã
É um resto de mato na luz da manhã
São as águas de Março fechando o Verão
E a promesa de vida no teu coração
É pau
É pedra
É o fim do caminho
Éum resto de touco
É um poco sozinho
É uma cobra
É um pau
É João
É José
É um espinho na mão
É um corte no pé
São as águas de Março fechando o Verão
E a promesa de vida no teu coração
É pau
É pedra
É o fim do caminho
Éum resto de touco
É um poco sozinho
É um passo
É uma ponte
É um sapo
É uma rã
É um belo horizonte
É uma febre terçã
São as águas de Março fechando o Verão
E a promesa de vida no teu coração
É pau
É pedra
É o fim do caminho
É um resto de touco
É um poco sozinho"
Elis Regina