A estação
O coimboio parou, a solidão desceu para a plataforma, na mala de mão levava um livro chamado saudade, amarelo e desbotado de tantos anos de uso. Palavras lidas e relidas até à exaustão. Memórias vagas, baças, aforismos de amores passados, perdidos, inacabados. Em ondas a multidão acelerava na sua vontade colectiva e a solidão ali estava quieta, perdida, inolvidável, com a saudade guardada na mala de mão. Era noite. Fumava. Singela, tomou seu rumo nos passos perdidos de um olhar, embrenhou-se na luz da lua, que brilhava insuportável no céu, e vagueou-o pela cidade, caminhando sempre no seu calmo compasso de eternidade, até a aurora a vencer no seu despontar.
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