Não vamos casar !

Detesto casamentos. Detesto particularmente casamentos de Verão. Detesto as filas de carros a buzinar com merdinhas brancas penduradas nas antenas. Detesto a hipocrisia do casamento, do dia, do contrato e da instituição. Se também detestas algumas destas coisas junta-te ao club

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

A estação

O coimboio parou, a solidão desceu para a plataforma, na mala de mão levava um livro chamado saudade, amarelo e desbotado de tantos anos de uso. Palavras lidas e relidas até à exaustão. Memórias vagas, baças, aforismos de amores passados, perdidos, inacabados. Em ondas a multidão acelerava na sua vontade colectiva e a solidão ali estava quieta, perdida, inolvidável, com a saudade guardada na mala de mão. Era noite. Fumava. Singela, tomou seu rumo nos passos perdidos de um olhar, embrenhou-se na luz da lua, que brilhava insuportável no céu, e vagueou-o pela cidade, caminhando sempre no seu calmo compasso de eternidade, até a aurora a vencer no seu despontar.