Não vamos casar !

Detesto casamentos. Detesto particularmente casamentos de Verão. Detesto as filas de carros a buzinar com merdinhas brancas penduradas nas antenas. Detesto a hipocrisia do casamento, do dia, do contrato e da instituição. Se também detestas algumas destas coisas junta-te ao club

quarta-feira, setembro 29, 2004

A maravilhosa natureza dos livros

Gosto de ler. Aliás, adoro ler. Desde pequena, já li largas centenas de livros na vida, talvez mais de um milhar, só comecei a contá-los em 2001. Mas isso não importa aqui. Há livros, que nos absorvem, onde podemos entrar e encontrar refúgio, um porto seguro longe da vida, longe do mundo, longe de todos. Há uns que são mais assim que outros, há livros fáceis e herméticos. A sua magia está na nossa imaginação, dos sítios onde nos levam e dos personagens que nos dão a conhecer. Os livros são fundamentais na minha vida, mais do que pão para a boca. Odeio quando ando em demanda por um bom livro e depois acabo por ter de ler as maiores secas ou absurdidades literárias, mas quando encontro um bom, é uma felicidade! Não sei se o devo devorar de um trago ou saboreá-lo lentamente, mas tento sempre arranjar uma solução de compromisso. Neste momento estou a ler quatro livros: "A jangada de Pedra", "Ensaio sobre a lucidez", "Em busca da cidade dos deuses perdidos" e o "Código de da Vinci". Os dois primeiros arrastam-se na minha mala há meses, são difíceis de penetrar, ainda não ultrapassei aquelas introduções insondáveis, verdadeiros testes ao leitor e à sua preserverança, mas de quando a quando leio duas ou três páginas da jangada e um capítulo do ensaio. Confesso que nenhum deles me cativa por aí além, mas admito que pode ser da minha disposição para com eles. Sei que chegará um dia em que me pegam e me obrigam a lê-los até ao fim. O terciro é o ínicio de uma saga da Isabel Allende, que estou ansiosamente a seguir. O quarto está já num estado bem adiantado que não chegará certamente ao fim-de-semana. Estou absolutamente lá dentro. A história não é novidade para mim, foi quando a descobri que reneguei a igreja católica e a minha própria fé, que tento agora recuperar, com a certeza, porém, de nunca mais acreditar numa palavra da Igreja hipócrita e falsa que pouco tem a ver com Deus. O livro está pejado de pequenas inconsistências erros e lacunas históricas, mas não deixa de ser fascinante na forma misteriosa como o enredo se entretece (palavra q o tradutor adorou e utiliza de 10 em 10 capítulos).
Para mim os livros são o capital mais valioso que detenho. Os que tenho na cabeça, nas prateleiras, ou encadernados em fotocópias. São a única peça materialista que verdadeiramente venero.
Obrigada à minha mãe, que me cultivou e incentivou este gosto desde pequena e colocou à minha disposição a sua vastíssima biblioteca, ao meu avô, pela mesma razão (apesar de ele ser um bocadinho mais rezingão: "Não dobres, não estragues, vê lá", mas é o seu amor por eles a falar mais alto"), aos jornais e revistas que fazem continuamente colecções a preços acessíveis com títulos bastante razoáveis, e um grande obrigada, muito especial, um bem-hajam, a todos os escritores que escreveram livros que eu li, que me fizeram, rir, chorar, suster a respiração, renegar a caixinha mágica da televisão, suspender tudo para pensar neles e principalmente por todas as memórias que ficaram marcadas a ferro e fogo.